Prefeitos, vereadores e representantes de várias cidades paulistas participaram da audiência púbica promovida pelos deputados Reis (PT) e Vitão do Cachorrão (Republicanos), nesta terça-feira, 1/04, para debater o grande aumento do modelo de cobrança de pedágios free-flow em São Paulo.
O objetivo da audiência foi debater os novos pedágios que serão instalados em várias rotas utilizando o modelo free flow, que opera com a passagem livre e dispensa os postos de pedágio convencionais, substituídos por um sistema eletrônico no qual o usuário não precisa parar para pagar a tarifa de pedágio. A cobrança é feita automaticamente por pórticos instalados nas rodovias, por meio de tags instalados nos veículos ou da leitura das placas dos veículos, opção na qual o usuário paga, posteriormente, a fatura no sistema de autoatendimento no site da concessionária.
Muitos motoristas reclamam da falta de informação e da dificuldade enfrentadas para pagar. O não-pagamento implica multa de R$ 195,13, assim como cinco pontos na carteira de habilitação.
Segundo o deputado Reis, já são mais de R$ 200 milhões em autuações desde que o sistema free flow começou a operar. “É preciso que o governador Tarcísio de Freitas ouça o clamor da sociedade, se sensibilize e volte atrás na sua intenção de espalhar esse modelo por todo o Estado de São Paulo”, afirmou.

O deputado Vitão do Cachorrão, que promoveu em conjunto com deputado Reis a audiência, disse que são muitas as cidades contrárias a esse modelo de cobrança, que, segundo ele, fora o nome, não tem nada de free.
“A gente já paga o IPVA caro, para ter a manutenção das estradas, já tem pedágio suficiente também para conservar as estradas. E quais são as reclamações? As pessoas num raio de 15 a 30 quilômetros vão ter de três a quatro portais de Free Flow. Onde não existe pedágio para a cobrança, agora, vai haver. As pessoas terão de pagar um aplicativo. E as empresas concessionárias não vão gerar nenhum emprego. A criação de mais pedágio é um absurdo.”, disse o parlamentar.

O líder da Federação PT/PCdob/PV, deputado Donato, informou que já estão previstos 110 pórticos, sendo 11 deles no litoral sul; 58 na região mogiana e circuito das águas; 23 na rota sorocabana; 13 na Nova Raposo; e 5 na Paranapanema. “Se são cerca de 1200 quilômetros de estradas, significa que haverá um pórtico a cada 10 quilômetros. E qual o problema disso? Ocorre que não estamos colocando esses pórticos em grandes rodovias, mas sim em rodovias secundárias, que bairros e cidades. Rotas que as pessoas utilizam para ir trabalhar, estudar, comercializar. Para tudo. É a vida dessas pessoas que será pedagiada.”
Donato sugeriu que pelo menos os moradores das cidades atingidas sejam isentados do pagamento de pedágios. “Precisamos discutir isso, porque vai ser uma revolta, que vai recair sobre os prefeitos e vereadores dessas regiões.”


A cantora Sula Miranda questionou quanto essa tarifa vai pesar nos custos dos caminhoneiros e impactos nos custos dos bens em geral e, sobretudo, sobre os da cesta básica. Ela também questionou sobre os impactos sobre o turismo e as cidades que dependem dessa atividade tão dependente da circulação e facilidade de deslocamento das pessoas.
Assista ao vídeo com a íntegra da audiência:
