A doença de Chagas, descoberta a 115 anos, atinge, hoje, no Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas, e foi tema de audiência pública promovida pela deputada Ana Perugini nesta segunda-feira, 24/6, na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Na abertura do encontro, Ana Perugini apresentou dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia que mostram que 70% das pessoas acometidas desconhecem que têm a doença de Chagas. Ela defendeu a necessidade de dar visibilidade à realidade da doença no Brasil e no Estado de São Paulo e que essa é a motivação do encontro que reuniu médicos especialistas e associações de portadores da doença de Chagas.
Além da falta de diagnóstico e de controle, é preocupante a falta de investimento em pesquisa que investigue as causas da alta incidência da doença no Brasil. Entre 2017 e 2018, o Estado de São Paulo teve a quarta maior taxa de mortalidade por doença de Chagas, entre pessoas com idade até 49 anos e a quinta com idade maior que 49 anos. Boletim epidemiológico apresentou, como motivações para essas taxas, a migração, a degradação ambiental, a concentração em áreas urbanas e a precariedade socioeconômica.
A doença de Chagas é a infecção causada pelo protozoário trypanosoma cruzi, e a transmissão ocorre no contato com fezes de parasitos infectados, após picada pelo inseto barbeiro; ingestão de alimentos contaminados com parasitos; transmissão de parasitos de mulheres infectadas para seus bebês, durante a gravidez ou o parto; transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios ou, ainda, pelo contato da pele ferida ou de mucosas, com material contaminado.
Participação
A audiência contou com a exposição de Pedro Albajar Vinas, do departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas, da Organização Mundial de Saúde (OMS); Alda Maria da Cruz, diretora do departamento de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde; Roberta Espinola, da divisão de Zoonoses do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo; Rosália Morais Torres, presidenta da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical; Aparecida Benedita Santos, presidente da Associação dos Chagásicos da Grande São Paulo; e de Osvaldo Rodrigues da Silva, presidente da Associação dos Portadores de Doença de Chagas de Campinas e Região.
Trouxe também sua contribuição a presidente da Federação Internacional da Associações de Pessoas Acometidas pela Doença de Chagas, com participação remota, diretamente do México.
Participaram, ainda, Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior, coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde; Marcos Boulos, diretor da Divisão da Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; José Carlos Ribeiro Gimenez, coordenador da comissão-executiva do Conselho Municipal de Saúde da cidade de São Paulo; Ana Maria de Arruda Camargo, assistente social do Hospital de Clínicas da Unicamp; Fabio Ghilardi, supervisor técnico do Médicos Sem Fronteiras; e Angela Junqueira, pesquisadora da Fiocruz; Marta Teixeira, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Assista à íntegra da audiência pública,
Foto: Marco A. Cardelino/Alesp
