Com a presença de parlamentares italianos e brasileiros, integrantes do consulado italiano em São Paulo, autoridades, empresários e integrantes de diversas comunidades de descendentes de italianos, por iniciativa do deputado Paulo Fiorilo, que coordena a Frente Parlamentar da Valorização Ítalo-Brasileira, promoveu, na Assembleia Legislativa de São Paulo, na segunda-feira, 11/3, a celebração dos 150 anos da imigração italiana no Brasil.
As comemorações aconteceram em dois momentos. No primeiro, realizou-se um debate sobre o processo histórico imigratório, políticas sociais e inclusivas e experiência eleitoral, e no segundo sessão solene no plenário Juscelino Kubitschek.
O debate sobre o processo histórico de imigração dos italianos para o Brasil foi aberto pela vereadora italana Irene Connacha que descreveu os primeiros imigrantes como jovens analfabetos, cheios de sonhos, que iniciaram a trajetória no Brasil no trabalho rural, aplicando aí seu conhecimento, tradições, valores e relação com a terra. Tempos depois, foram para o trabalho nas fábricas e trouxeram as mobilizações contra os baixos salários. Na última etapa, consolidaram-se como autônomos, comerciantes, e hoje estão nas diversas atividades econômicas da sociedade brasileira.
A vereadora aponta que, no decorrer dos anos, houve um distanciamento das gerações com os que aqui chegaram e hoje há o retorno, a busca das origens e a reconexão com a pátria dos antepassados. Para Irene Connacha, as virgens turísticas e culturais são um espaço de informações e integração entre os dois países.
O deputado Salvatore Caiata ressaltou as semelhanças entre o Brasil e a Itália, defendendo que elas se devem à integração amistosa que teria ocorrido porque, já que o imigrante italiano nunca teve intenção de ameaçar as tradições locais.
Salvatore explicou que o turismo é responsável por até 18% do PIB italiano e que o país, por meio do Ministério do Turismo, pretende fortalecer os laços com países emergentes que foram destinos de italianos no fluxo de imigração.
A segunda mesa de debate foi conduzida pelo tema políticas sociais, inclusão social e intercâmbio de boas práticas.
O deputado petista Eduardo Suplicy, descendente de tradicional família italiana, defendeu a renda mínima de cidadania como um importante instrumento de inclusão, combate à fome e destacou que em seu projeto os estrangeiros também são contemplados desde que tenham cinco anos de permanência no Brasil.
O deputado contou a experiência do município de Maricá, no Rio de Janeiro, que desde 2026 oferece renda básica da cidadania e metade da população recebe o benefício, o que trouxe avanços para economia, melhores condições para população na saúde e educação. Suplicy ressaltou também a experiencia do Quênia, em que a renda básica permitiu resultados como a redução da violência doméstica, em 51%, e da violência sexual, em 66%.
Fábio Porta, outro deputado da Itália, defendeu que as políticas sociais são abrangentes e marco de civilização de um país e enumerou as conquistas com mudanças legislativas que possibilitaram discussões para a instituição de renda cidadã e bases para implementação de sistemas sanitário, de saúde mental e de previdência. A manutenção de serviço público de saúde, com pequena participação na compra de medicamentos.
De acordo com Porta, a Itália tem salário básico bem menor que outros países da Europa e, por outro lado, sofre com falta de mão de obra. O parlamento expressou preocupação com a migração dos italianos para outros países e disse que o país precisa favorecer o intercâmbio estudantil. “A Itália deve se tornar atraente para os estudantes, senão, as universidades correm o risco de serem fechadas”, destacou.
Já o petista Luiz Claudio Marcolino iniciou sua participação lembrando dos retrocessos que prejudicaram o trabalhador brasileiro com o desmonte da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), que abriu alas para o trabalho informal e a perda de direitos.
Marcolino afirmou que a Itália realizou reforma agrária e que esta medida traz justiça social e elogiou o programa de primeiro emprego do país, que resulta em 95% dos jovens que são contratados. Outra iniciativa bem avaliada por Marcolino, que foi presidente do Sindicato dos Bancários, é o banco popular e agrícola e contou das ações articuladas pelo tripé trabalhadores, governo, empresários e universidades. O parlamentar elencou também a política regional fomentada pela Agência de Desenvolvimento.
Franco Tirelli trouxe uma série de informações sobre a experiência eleitoral ítalo-brasileiro, que norteou a terceira mesa de debates, quando contou que atualmente há doze parlamentares e oito deputados e quatro senadores eleitos e não residem no país. Tirelli disse que 15 dias antes da votação o eleitor recebe informações do pleito, data e envelope com as fichas de votação.
Ao tomar conhecimento do processo eleitoral italiano o deputado da bancada do PT, Maurici, ressaltou a importância do debate para difundir a informação: “provavelmente, poucas pessoas sabem do processo eleitoral e dos mecanismos de participação e votação”, observou. Maurici ressaltou as experiências das cidades italianas que retomaram o processo de desenvolvimento com a identificação de nova vocação ao esgotar um modelo produtivo e econômico.
As condições urbanísticas, arquitetônicas e a infraestrutura consolidada e mão de obra qualificada podem contribuir para este rearranjo para novo potencial vocacional e elevar a concepção política regionalizada, que inspirou o Consórcio do ABC, no Brasil, destacou Maurici.
O deputado destacou que as questões ambientais, hídricas e de mobilidade urbana, entre outras, precisam de ações articuladas entre os municípios e defendeu a integração entre os gestores para otimizar recursos e dar respostas mais efetivas e efetivas para as populações.
Sessão solene
A sessão solene em homenagem aos 150 anos da imigração italiana no Brasil reuniu mais de 100 pessoas, entre parlamentares brasileiros e italianos, autoridades, diplomatas e integrantes de comunidades de descendentes italianos.
Na celebração, Fiorilo afirmou que, ao longo dos 150 anos, a presença dos italianos e seus descendentes moldou a cultura brasileira e fortaleceu a relação, com contribuições na agricultura, economia e gastronomia. “É essencial destacar o fortalecimento da cooperação, o diálogo, a troca de experiências e o intercâmbio cultural, econômico e social”, disse o deputado, afirmando que essas relações contribuem para manter o elo entre os povos e o fortalecimento da fraternidade e união.
O deputado Eduardo Suplicy lembrou dos desafios de seu avô que desbravou a industrialização do Brasil.
A história de conquistas dos imigrantes italianos foi ressaltada por Donato, outro petista de família italiana de origem de Nápoles. O deputado enalteceu a disposição de luta que trouxe conquistas foi se impondo pelo trabalho, pela cultura e que continua contribuindo no fortalecimento de laços, cultura, economia e gastronomia.
Foto: Alesp.
