Rodoanel: pressa em terminar e materiais mais baratos podem ser a causa do desabamento

15/11/2009 13:14:00

Desabamento

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As causas do desabamento de três das quatro vigas de um viaduto em construção no trecho sul do Rodoanel sobre a Rodovia Régis Bittencourt, no km 279, em Embu, na noite da última sexta-feira (13/11), podem ter como causa alterações nos métodos construtivos para reduzir custos, conforme já havia apontado o Tribunal de Contas da União (TCU), entre maio e julho de 2008.

A auditoria realizada pelo TCU constatou que as empreiteiras responsáveis pela obra do Rodoanel Mário Covas optaram por usar vigas pré-moldadas para baratear o custo dos viadutos. As empresas contratadas alteraram métodos construtivos, com redução no número de vigas usadas em pontes, substituição de estacas metálicas por pré-moldadas e troca de areia por brita em muros de contenção. “Assim, usaram menos material de construção, mas receberam o mesmo dinheiro”, explica o relatório do Tribunal.

O documento do TCU aponta as irregularidades como “graves” e passíveis de resultar numa “combinação altamente danosa às finanças” da União e do Estado. “O desdobramento do processo pode gerar repactuação contratual, anulação do contrato e ressarcimento de valores.”

O responsável pela fiscalização da obra é o governo do Estado, por meio da Dersa.

O trecho sul da obra está sob investigação do TCU, que já listou 13 irregularidades no percurso de 61 quilômetros. Os contratos de todo o Rodoanel, que somam R$ 3,6 bilhões, são investigados pelo TCU desde 2003. Augusto Nardes, ministro do TCU, avalia desde 2008 a suspensão do repasse de verbas devido a registros de pagamentos acima do valor previsto em convênio, contratação de serviços sem licitação, abertura de licitação sem licença ambiental e sobrepreço.

Serra afirma que foi barbeiragem

“Uma barbeiragem”, disse o governador José Serra a amigos sobre o desabamento das vigas (informação da Folha de S. Paulo – 15/11/2009). Quando esteve no local, no dia do acidente, o governador afirmou que “realmente houve falhas”.

O trecho sul do Rodoanel, com 61 km, está sendo construído em cinco lotes, cada um composto por duas a três empreiteiras e a fiscalização é feita pela Dersa. No lote 5, onde houve o acidente, são responsáveis pela obra as construtoras OAS, Mendes Jr. e Carioca Engenharia. A empresa Carioca, também é responsável pela obra do viaduto do Fura-Fila que caiu na Vila Prudente em 1º de abril de 2008.

O lote 5, com 35 pontes e viadutos, tem 18,6 km de extensão e representa 19,7% da obra. No orçamento do trecho sul, mais de R$ 4 bilhões – sendo R$ 1,2 bilhão de recursos liberados pelo governo federal – estão incluídas a construção da rodovia, desapropriações e compensações ambientais.

O trecho leste do Rodoanel está em fase de discussões e a parte norte será a última a ser construída. Quando estiver toda finalizada, a rodovia interligará dez rodovias que servem a capital.

Pressa em entregar a obra

O viaduto que desabou ligará os trechos sul e oeste do Rodoanel, cuja inauguração está prevista para março. O governador Serra afirmou que o acidente não vai interferir no prazo de inauguração, março de 2010, porque o trecho afetado estava adiantado.

O deputado Donisete Braga acredita que a ansiedade para entregar o projeto, com fins eleitoreiros, podem ter provocado o desabamento. “É preciso uma investigação séria do ocorrido”.

Três vítimas foram hospitalizadas

O acidente ocorreu por volta das 21h (sexta, 13/11) e foi provocado por uma ruptura. Três veículos que trafegavam pela Rodovia Régis Bittencourt, no sentido São Paulo foram atingidos – um basculante, um Clio e um Celta – e três pessoas ficaram feridas. As vítimas foram levadas para hospitais em Itapecerica da Serra e Jardim Pirajuçara.

Segundo reportagem do Jornal da Tarde (14/11), um funcionário da concessionária CCR, que administra o Rodoanel, viu a queda das vigas. Ele estava num ponto de ônibus diante do local e tentou ajudar a resgatar as vítimas. “Foi o maior desespero da minha vida”, disse. “Vi os blocos caindo e só pensei em socorrer as pessoas. Ouvi uma gritaria e, quando percebi que não conseguiria, liguei para os bombeiros.” A testemunha não se identificou por medo de perder o emprego.

“Já lançamos mais de 300 vigas. Houve uma ruptura e, com isso, (as vigas) caíram do apoio”, disse Paulo Vieira de Souza, diretor de engenharia da Dersa, que administra a obra. Souza não explicou, no entanto, o que pode ter provocado a queda das estruturas.

* Com informações de: Jornal da Tarde, Folha de S. Paulo, O Globo e Diário do Grande ABC

 

 

 

 

 

 

 

 

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