Petistas querem conter onda de demissões

16/04/2009 18:36:00

Sabesp

 

O programa de demissões na Sabesp, já apelidado pelos servidores de Onda Suja, foi o tema da audiência realizada nesta quinta-feira, 16 de abril, pela Comissão de Serviços e Obras da Assembleia Legislativa.

A audiência convocada a pedido do líder da bancada petista, deputado Rui Falcão, contou com a presença de sindicalistas do setor, do presidente da Sabesp, Gesner José Oliveira Filho, dos deputados José Zico Prado, Adriano Diogo, Beth Sahão, Enio Tatto e do próprio Rui Falcão.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, René Vicente dos Santos, denunciou à Comissão a demissão de 304 servidores da Sabesp, desde o início do ano e a apresentação de um cronograma de afastamentos, que prevê 1570 demissões até o final de 2009 e mais 2250, até o ano de 2011.

O presidente da Sabesp disse que a maioria dos demitidos é aposentada e a iniciativa de afastá-los partiu do Ministério Público. O deputado Adriano Diogo contestou e questionou se a questão foi levada ao MP pela própria companhia. Os sindicalistas presentes à audiência e a bancada petista apontaram também o programa de terceirizações adotado pela Sabesp como o motivo das demissões.

“Terceirizar fica muito caro. Além disso, as empresas que prestam serviços não são fiscalizadas. A Sabesp quer que a Assembleia aprove empréstimos de mais de US$ 1,5 bilhão, mas não garante o emprego de seus funcionários e nem evita o desperdício de recursos públicos e de água”, denunciou o deputado José Zico Prado.

Enxugamento da máquina

O deputado Enio Tatto apontou a estratégia tucana de enxugamento da máquina, através de terceirizações, demissões e omissão em relação aos serviços prestados à população. “A Sabesp é ainda a maior poluidora da Represa de Guarapiranga. O governo estadual quer levar o serviço da companhia para outros Estados, mas muitos bairros da periferia da capital ainda não têm sequer água tratada”, disse Tatto.

Além da preocupação com a onda de demissões, os deputados petistas cobraram explicações sobre a receita da companhia e o investimento em publicidade. A deputada Beth Sahão admirou-se de encontrar outdoors da companhia até em Brasília. “É incompatível este gasto com propaganda em um momento em que funcionários com grande experiência profissional, que ajudaram a construir a companhia, estão sendo demitidos”, disse Sahão.

O presidente da Sabesp confirmou que a receita da companhia aumentou 6,4%, indo de 5,9 bilhões em 2007 para 6,4 bilhões em 2008. Segundo estudos da assessoria de saneamento da Bancada do PT na Assembléia, este acréscimo foi proporcionado pelo aumento de tarifas e também o crescimento nos volumes faturados de água e esgoto.

“Gastamos R$ 80 milhões de reais em publicidade, um valor compatível com uma empresa do porte da Sabesp”, garantiu Gesner Oliveira, que fez um apelo aos deputados presentes pela aprovação de operações de crédito à Sabesp com duas instituições financeiras internacionais:o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Japan International Cooperation Agency.

O Sintaema, o Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo e o Sindicato dos Urbanitários da Baixada Santista e Vale do Ribeira, cujos representantes estiveram presentes á audiência na Assembleia, estão questionando o programa de demissões adotado pela Sabesp junto ao Tribunal Regional do Trabalho.

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