Oposição quer discutir projeto dos policiais com secretários de Serra

23/10/2008 18:28:00

Diálogo

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A Assembléia realiza na quinta-feira, dia 30 de outubro, a audiência pública, com os representantes da Polícia Civil, no Plenário Juscelino Kubitschek.  Graças ao empenho da bancada da oposição em ouvir a categoria, houve acordo para que a sessão ordinária do dia 30 seja utilizada para discutir o projeto de reajuste do setor com representantes dos policiais civis.

Os deputados petistas defenderam em plenário a convocação dos Secretários da Fazenda, Mauro Ricardo, da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, e da Gestão Pública, Sidney Beraldo, para a audiência. Mas, ainda não houve confirmação da presença de nenhum deles.

“A realização da audiência é essencial para esmiuçar os projetos em pauta, debater o orçamento e dialogar com os trabalhadores”, defendeu o deputado Enio Tatto. “Através da audiência, queremos garantir o bom senso da negociação”, explicou o líder do PT na Assembléia, Roberto Felício.

Apoio

Em greve há 37 dias, os policiais paulistas receberam o apoio do Sindicato dos Policiais Civis de Sergipe, o Sinpol, cujos dirigentes estiveram na Assembléia nesta quinta-feira, solidarizando-se com a mobilização da categoria em São Paulo. “Temos o melhor acordo dos policiais civis do país. O salário inicial de agentes é de R$ 4 mil no Sergipe, que é um dos menores estados da Federação. É uma prova de que basta ter vontade política”, disse o vice-presidente do Sinpol, Antonio Moraes.

O líder da bancada petista, deputado Roberto Felício, comparou a situação nos dois Estados: “Enquanto o Governador Marcelo Dedá (PT/SE) estabeleceu uma mesa de negociação com os policiais, o governo paulista não respeita sequer a data-base do funcionalismo, estabelecida em 1º de março”, explicou Felício.

O projeto de lei de reajuste dos policiais enviado às pressas esta semana pelo governo estadual à Assembléia Legislativa está sendo questionado pela categoria e pela bancada da oposição. “Nem sequer ouviram os trabalhadores para a redação do projeto”, lamenta o deputado Adriano Diogo.

A chamada reclassificação dos padrões de vencimentos dos integrantes da Polícia Militar e do Quadro da Secretaria de Segurança Pública, proposta no pacote de projetos governamentais, foi criticada pelos manifestantes que ocuparam as galerias do plenário. Eles pediram aos deputados que apresentem emendas para alterar vários itens do projeto, como o índice de reajuste oferecido pelo governo.

O líder da bancada petista desmascarou os números que os deputados tucanos apresentaram para rejeitar a reivindicação dos policiais. “Não custa R$ 3 milhões atender a reivindicação dos trabalhadores e o cálculo dos governistas é equivocado porque a proposta do governo é parcelada”, denunciou o deputado Roberto Felício.

Desrespeito

O tratamento desrespeitoso que o Governo tem dedicado aos policiais em greve foi denunciado também pelo deputado Adriano Diogo, que levou ao plenário o caso da delegada de Diadema Bárbara Lisboa Travassos que, por ter aderido à greve, quase foi presa pelo delegado titular de sua área. Bárbara é filha do falecido Luis Travassos, Presidente da União Nacional dos Estudantes nos anos 60, e esteve na manifestação dos policiais civis realizada na Assembléia.

“O governo tem sido desrespeitoso conosco e com os policiais em greve. O compromisso do PT com a luta dos trabalhadores coloca-nos ao lado dos policiais neste momento”, disse o deputado Cido Sério.

A estratégia de culpar outros partidos pelos problemas de sua gestão, já adotada pelo governador José Serra em outros episódios, foi amplamente criticada pela bancada da oposição e também pelos grevistas, que ocuparam o plenário e vaiaram ruidosamente as intervenções dos representantes tucanos, como líder do governo Barros Munhoz, que insistiam em criticar os deputados que defendem as reivindicações dos policiais.

“Não podemos imaginar política tão nefasta quanto esta do PSDB que vai destruindo o funcionalismo, enquanto fala em limite de orçamento. O limite é a dignidade dos trabalhadores. O sucateamento da estrutura funcional não é condizente com a arrecadação crescente do Estado de São Paulo”, denunciou o deputado Antonio Mentor. “Não adianta o governo tentar culpar outros partidos pela sua má administração. Eu mesmo sou testemunha da péssima situação dos policiais civis”, acrescentou o deputado Simão Pedro.

As denúncias dos policiais em greve revelaram o equívoco e a distorção das acusações que o governador José Serra fez contra o PT. “Não houve insuflação à greve e sim tentativa de negociação. Quando acusa o PT de partidarizar a greve, o governo de José Serra não deve desculpas apenas ao partido, mas também aos policiais que estiveram no Palácio dos Bandeirantes tentando, mais uma vez, buscar o atendimento de suas reivindicações”, defendeu Felício.

 

 

 

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