Corrupção
A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo e outras entidades da Polícia Civil participarão de um Ato Público na Assembleia Legislativa na próxima terça-feira, dia 17, a partir das 14h00. Os policiais querem solicitar aos líderes partidários a instalação de uma CPI para apurar as denúncias de venda de cargos e de sentenças de processos administrativos na cúpula da Civil, que envolvem o ex-secretário adjunto da Segurança Pública, Lauro Malheiros Neto. A Bancada do PT já iniciou a coleta de assinaturas para abertura desta CPI.
Reportagem publicada nesta quinta-feira no Jornal O Estado de S. Paulo revela que os acusados de pagar propina em troca da nomeação se comunicavam com o ex-secretário Lauro Malheiros Neto, por meio de um sistema de mensagens eletrônicas criptografadas trocadas através do e-mail canalhada@hotmail.com.
Esta foi apenas uma das revelações do depoimento que o investigador Augusto Peña prestou à Corregedoria da Polícia Civil e ao Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado, no dia 10 de março. Ainda segundo a reportagem, Pena contou durante o depoimento os casos de um investigador do Deic que teria comprado a readmissão na polícia e que outros três policiais do Departamento teriam comprado por R$ 100 mil cada um a absolvição em processo administrativo.
O e-mail canalhada@hotmail.com era, segundo Pena, outra forma de comunicação entre o doutor Lauro, o declarante e policiais, em especial delegados de polícia que fizeram a dança das cadeiras e pagaram ao secretário-adjunto valor para assumir cargos de diretorias, seccionais e titularidade de delegacias.
Considerado um dos pivôs do escândalo de corrupção na Segurança Pública de São Paulo, que levou à queda do ex-secretário adjunto Malheiros Neto, Augusto Peña foi preso em 30 de abril de 2008, extorquindo integrantes do PCC. Já o ex-secretário é investigado sob a suspeita de favorecer Peña e de receber dinheiro de origem ilícita obtido pelo policial detido.
Gastos secretos e roubo de armas
A venda de cargos não é o único escândalo na atual gestão de Segurança Pública. O deputado Vanderlei Siraque quer que o secretário estadual Ronaldo Marzagão forneça à Assembleia informações sobre a verba utilizada pela secretaria sob o ‘carimbo’ de gastos sigilosos, recursos que seriam utilizados pelas polícias Militar e Civil em operações de inteligência. Siraque já protocolou requerimento de informação no qual faz questionamentos ao secretário.
No requerimento, Vanderlei Siraque pede que o secretário informe qual o valor total dos recursos declarados como sigilosos, repassado à Pasta, nos exercícios de 2007 e 2008, e onde foram gastos esses recursos. Siraque pede ainda que os valores sejam individualizados e que o secretário especifique o objeto dos gastos.
É fundamental que tenhamos informações precisas acerca dos recursos destinados aos programas e ações de segurança pública do Estado de São Paulo, inclusive sobre aqueles que entram na conta como gastos sigilosos. Afinal, é prerrogativa dos deputados estaduais fiscalizar onde os recursos do Estado são aplicados. Por isso é que o secretário tem de nos dar essas informações sobre a conta secreta da Secretaria de Segurança Pública, explicou Siraque, que decidiu cobrar informações do secretário a partir de parecer do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Eduardo Bittencourt Carvalho, que apontou falhas graves na forma como a secretaria presta contas dos recursos dados como sigilosos e proferiu sentença que obriga a Secretaria a prestar contas mensalmente dos recursos que levam o ‘carimbo’ de sigilosos.
A Bancada do PT também vai enviar à Secretaria de Segurança Pública requerimento com solicitação de informações sobre o roubo de 89 pistolas, 22 fuzis e 60 mil cartuchos de munição, ocorrido no último dia 05 no Centro de Treinamento Tático, localizado em Ribeirão Pires.
