Flotação inutilizará água da Billings em dez anos

21/06/2010 14:52:00

Insistência tucana

Tucanos insistem em bombear águas poluídas dos rios Pinheiros e Tietê para a Represa

Desde o ano passado, o governo do Estado, capitaneado pelo ex-governador José Serra, insiste no bombeamento das águas poluídas dos rios Pinheiros e Tietê para a Represa Billings – prática minimizada depois da interferência de ambientalistas e do Ministério Público, em agosto, quando começaram os testes que vão embasar um Estudo de Impactos Ambientais sobre a água da represa.

A intenção do governo do Estado é transferir 50 metros cúbicos de água por segundo para o reservatório, com a intenção de aumentar a capacidade de produzir energia na usina Henry Borden, em Cubatão, alimentada pela represa.

Os primeiros testes terminaram em fevereiro deste ano e o Ministério Público ainda vai decidir se serão prorrogados por mais seis meses ou não. De acordo com o gerente do Departamento de Engenharia da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), Fernando Moliterno, ainda não há uma avaliação oficial do impacto sobre a represa.

“Podemos levar até quatro anos para concluir um relatório sobre o sucesso atingido pela flotação”, conta.

Flotação é o nome do sistema de purificação da água que o governo quer implantar nas águas que descem dos rios para a represa. “O problema é que esse sistema, apesar de deixar a água transparente e sem cheiro, não elimina metais pesados e substâncias cancerígenas existentes na poluição dos rios Pinheiros e Tietê”, explica o ambientalista Fábio Vital. “Essa quantidade de lixo poderia inutilizar completamente a água para consumo humano em pouco mais de 10 anos”, conclui.

Privatização – A chave do interesse pelo bombeamento pode ser a privatização: foi publicado no Diário Oficial do Estado, em 18 de janeiro deste ano, a contratação de uma empresa para avaliar preços e condições de um possível futuro leilão da Emae. Moliterno nega: “Está sendo feita a auditoria, mas é apenas uma avaliação, por enquanto. Não há nada de concreto nesse sentido”.

O deputado estadual Donisete Braga, acredita que Serra será cauteloso nesse caso. “Ele (o governador) viu o quanto a privatização foi impopular na última eleição presidencial, por isso deu apenas pequenas indicações nesse sentido”, avalia. Para Vital, o problema é outro. “Depois de uma empresa particular assumir a Henry Borden, sabendo que a usina funciona até com lodo, quem vai fiscalizá-la?”.

fonte: Jornal ABCD Maior – 15/6/2010

 

 

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