Empreiteiras cobram R$ 180 milhões a mais por obras entregues antes de Serra deixar Governo

28/10/2010 15:18:00

Prejuízo

 

O trecho Sul do Rodoanel deve custar R$ 180 milhões a mais para o Estado de São Paulo. É que as empreiteiras responsáveis pela obra alegam que tiveram que mudar o projeto original e comprar material de construção em outros locais para garantir a entrega em abril, antes da saída de José Serra do Palácio dos Bandeirantes.

Reportagem publicada hoje na Folha de S. Paulo revela que “a tarefa de negociar com as construtoras para que a vitrine de Serra não atrasasse era do ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza.”.

Conhecido como Paulo Preto, o ex-diretor da Dersa é acusado de envolvimento em esquema para fraudar licitações de empreiteiras.

Leia aqui a reportagem da Folha de S. Paulo.

Pressa encareceu obra do Rodoanel, afirmam empresas

 

Para garantir entrega no prazo para Serra, construtoras alegam que custo subiu; Estado diz que conclusão até abril era contratual

ALENCAR IZIDORO

DE SÃO PAULO

Empreiteiras do trecho sul do Rodoanel dizem que a obra ficou mais cara devido à necessidade de correr para conter os atrasos e entregá-la até abril -antes de José Serra (PSDB) sair do governo para ser candidato à Presidência.

Esse é um dos principais argumentos utilizados pelas construtoras para reivindicar da Dersa pagamentos extras que superam R$ 180 milhões.

Os pedidos à estatal foram formalizados de abril a junho, conforme documentos acessados pela Folha, e estão sob análise no governo. O Estado alega, porém, que esse prazo era contratual -obrigação delas, sob pena de multa a ser calculada.

A obra já teve um aumento em 2009 -mais de R$ 300 milhões, em valores atuais- e totaliza hoje R$ 3,3 bilhões.

As empreiteiras afirmam que chuvas atípicas provocaram imprevistos que afetaram os cronogramas.

Para conter atrasos, conforme pedido pela Dersa, dizem que tiveram de mudar o projeto original de terraplanagem e comprar pedra e asfalto em lugar distante, porque usinas e pedreiras previstas não conseguiriam produzir tudo de última hora.

O resultado final, segundo elas, é que os gastos aumentaram com novos materiais, maior quantidade de caminhões e de funcionários.

A tarefa de negociar com as construtoras para que a vitrine de Serra não atrasasse era do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto.

Ele ganhou projeção após ser citado por Dilma Rousseff (PT) em um debate -a petista disse, baseada na revista “IstoÉ”, que ele teria desviado R$ 4 milhões destinados à campanha tucana. O engenheiro nega a acusação.

Serra fez a inauguração do trecho sul do Rodoanel um dia antes de sair do governo.

ASFALTO E PEDRA

Alteração citada por empreiteiras para conter atrasos foi definida com a Dersa em novembro. Ela incluiu a troca de terra e argila por cimento e rachão na camada final da terraplenagem.

A “providência foi tomada”, segundo relato do consórcio formado por OAS/ Mendes Jr./Carioca, após “concluir” que era “a única maneira de viabilizar a entrega das obras no prazo fixado e em perfeitas condições técnicas e de segurança”.

O consórcio formado por Odebrecht/Constran menciona também a elevação de gastos com asfalto e pedras.

A proposta original era que 91% da pavimentação fosse feita em 2009, mas “praticamente a totalidade desse serviço teve que ser executada nos meses de janeiro a março de 2010”.

Como a usina de asfalto não tinha “capacidade para atender ao volume de repente demandado”, segundo as empresas, foi preciso buscar usinas complementares, de 10 km a 85 km de distância.

 

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