Documentário sobre greves espontâneas dos anos 70

14/06/2013

Comissão da Verdade

Neste sábado (15/6), a TV Assembleia vai exibir o filme Braços Cruzados, Máquinas Paradas, de 1978, dirigido por Roberto Gervitz e Sérgio Toledo.

Sinopse:

São Paulo, 1978. Três chapas disputam a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o maior da América Latina, com 300.000 associados, e presidido por um “pelego”, desde o golpe militar de 1964 . Em meio à eleições, eclodem as primeiras greves operárias que iriam mudar o país. “Braços Cruzados Máquinas Paradas” revela, em narrativa envolvente, como funciona a estrutura sindical brasileira, de inspiração fascista.

É também o primeiro documentário de longa-metragem sobre as chamadas “greves espontâneas”, ocorridas em São Paulo, 10 anos após a decretação do AI-5. Tais greves, que culminaram em um amplo movimento social que traria de volta a democracia ao país, estão na base dos acontecimentos que levaram à eleição do primeiro presidente operário da América Latina.

O filme será exibido às 23h. A TV Assembleia é exibida pela Vivo TV nos canais 66ou 69, na NET pelos canais 7 (digital) ou 13 (analógico) e pela TV Digital Abertapelo no canal 61.

Próxima audiência da Comissão será dia 19

Na quarta-feira (19/6), a Comissão Estadual da Verdade, presidida pelo deputado Adriano Diogo, realiza Audiência Pública sobre os militantes da Liga Operária perseguidos durante a ditadura. A coleta de testemunhos acontecerá a partir das 10h30, no Auditório Teotônio Vilela, da Assembleia Legislativa.

Crime político que vitimou casal é tema da Comissão da Verdade

Na última quinta-feira (12/6), a Comissão da Verdade do Estado abordou o caso de José Luis e Rosa Sundermann, casal assassinado em São Carlos (SP). O presidente da comissão, deputado Adriano Diogo, esclareceu que embora esse crime tenha ocorrido em 1994, fora do período estabelecido para a vigência da ditadura militar, tratou-se de um crime político, que até hoje não foi esclarecido.

O casal foi assassinado em sua residência em São Carlos na noite de 12/6/1994. Nada foi roubado da casa. Funcionários da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), eram sindicalistas e militantes do recém-fundado PSTU, e participaram da histórica greve dos cortadores de cana em 1993.

Desde o começo ficou patente o descaso com as investigações por parte da polícia, que se negou a admitir a possibilidade de se tratar de um crime político, chegando até a tentar incriminar o filho do casal. As fotos da cena do crime se perderam. Todos os indícios apontam que o assassinato foi feito por um matador profissional, a soldo de usineiros e latifundiários da região, em especial aos donos da Usina Ipiranga, como citou o advogado Idibal Piveta.

Dulce Muniz leu uma carta, assinada por Eraldo, onde são relatadas ameaças feitas ao casal, inclusive por policiais. Para o diretor da Apeoesp, João Zafalão, “a morte foi encomendada pelos usineiros da região, que continuam torturando os trabalhadores até hoje.” Segundo o advogado Jorge Luiz Martins, “a polícia está a serviço da burguesia local”.

Militantes políticos

Falaram sobre a vida e a militância do casal o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Luis Carlos Prestes, o Mancha; o diretor da Federação dos Servidores das Universidades Federais (Fasubra), Antonio Donisetti da Silva; a diretora do Sintrajud e do PSTU, Ana Luiz Figueiredo. Mancha sugeriu a criação, na UFSCar, de uma comissão da verdade, a ser batizada com o nome de José Luis e Rosa Sundermann.

Os advogados Américo Gomes e Julia Siqueira Eid informaram que, em 2004, o caso de José Luis e Rosa Sundermann foi denunciado à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, por conta da negligência e omissão na investigação de suas mortes. Essa denúncia foi admitida em 2007, e mesmo que o crime prescreva no ano que vem, a apuração poderá ser exigida. O Estado brasileiro foi notificado, nas não se manifestou sobre a questão até hoje.

Ainda segundo Diogo, “casos como esse mostram a necessidade de revisão da lei da anistia, pois ela foi um acordo de conciliação entre as classes, do silêncio, que gerou este tipo de democracia que temos, uma ditadura de classe que oprime até hoje. Se não houver articulação nacional, fora do plano institucional, essa situação não mudará e não teremos outra forma de democracia”, finalizou.

*fonte: Agência Alesp

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