Descaso tucano
Cerca de 600 famílias vivem o drama de sobreviverem em acampamentos montados pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), no município de Santo André. Elas foram retiradas de áreas de risco pertencentes à companhia e transferidas para barracas improvisadas em uma creche e em área próxima ao Cemitério Santo André.
Nesta quinta-feira (9/10), o vereador do PT, Tiago Nogueira, esteve na Assembleia Legislativa para denunciar aos deputados o descaso da CDHU. Segundo ele, a situação é de extrema gravidade, visto que os dois locais onde as famílias estão acampadas não oferecem condições básicas de sobrevivência humana.
A situação precária se agrava com o tempo chuvoso, o frio e a falta de banheiros: são apenas dois, improvisados, para todos os moradores. Além disso, existe no local segurança montada pela companhia, que impede o livre trânsito das pessoas e a entrada de visitantes no local, cercado com arame.
Esta proibição de ir e vir torna o acampamento um verdadeiro campo de concentração, diz o vereador petista. O mais doloroso é a situação de miséria e abandono em que estão as crianças, passando frio, fome e completamente vulneráveis, conclui.
A CDHU tem notificado as famílias das áreas de risco, dando prazo para saída dos moradores em troca de indenizações irrisórias (R$ 4.500), sem oferecer uma alternativa habitacional adequada.
Leia abaixo reportagem publicada pelo jornal Diário do Grande ABC, em 9/10/2009
CDHU abriga famílias do Jardim Santo André em acampamento
Retiradas de áreas de risco de comunidades do Jardim Santo André,
Segundo a CDHU, cerca de 80 famílias foram retiradas de áreas de risco do Jardim Santo André. A maioria das pessoas procurou casas de parentes e amigos para se abrigar. Porém, quem não tinha essa opção, foi obrigado a aceitar as precárias instalações fornecidas pela CDHU.
Como compensação, a companhia ofereceu R$ 4.500 para cada família retirada. Segundo a CDHU, R$ 4.200 para “despesas com moradias” e R$ 300, para os custos das mudanças.
As famílias reclamam que, com esse dinheiro, não é possível comprar nada. Revoltados, os desabrigados contam que um barraco no Jardim Santo André não sai por menos de R$ 8.000.
INDO EMBORA – “Ainda vou procurar um barraquinho para mim”, disse a auxiliar de limpeza Eliana Vicente, 40 anos, mãe de três filhos com idades entre 7 E 12 anos. Contando que não aguenta mais viver na creche onde mais de 30 pessoas se aglomeram, Eliana disse que juntou “dois salários” para alugar uma casa. E quer deixar o local hoje.
Companhia oferece R$ 4.500 para os desalojados
Explicando que esta situação é provisória, a CDHU informou que as famílias “ocupavam irregulares encostas de alta declividade, tiveram suas casas comprometidas por desmoronamento ou se encontravam em situação de altíssimo risco, ficando inviável permanência delas no local.”
Em nota oficial, a companhia explicou ainda que, “diante desta situação de emergência, a CDHU disponibilizou abrigo provisório nos equipamentos comunitários de sua propriedade e, na ausência de outras alternativas, barracas para esse fim.”
A CDHU ofereceu, para as famílias, um “Termo de Opção”, que define o recebimento do dinheiro assim que as pessoas deixem os abrigos provisórios. Depois da assinatura do documento, os moradores têm dez dias para encontrar alguma casa. São repassados R$ 4.200 para que as famílias providenciem essa moradia. Mais R$ 300 para a mudança.
A Prefeitura de Santo André informou que hoje pretende realizar reunião com os técnicos da Secretaria de Estado da Habitação para tomar pé da situação das famílias.
O vereador Tiago Nogueira (PT) apresentou ontem requerimento à Câmara dos Vereadores para que a questão dos desabrigados seja discutida. Ele pretende ainda acionar o MP (Ministério Público) e o Conselho Tutelar para providências.
