Bancada da oposição e comunidade USP protestam contra corte de vagas e demissões

24/03/2011 19:00:00

Audiência Pública

 

Os deputados que integram a Bancada da Oposição na Assembleia Legislativa realizaram nesta quinta-feira (24/03) a maior audiência pública de 2011 com estudantes e funcionários da USP que protestam contra uma série de medidas anunciadas pelo reitor da Universidade, João Grandino Rodas, inclusive o fechamento de um terço das vagas do campus leste e 270 demissões.

A audiência, convocada pelo deputado Carlos Gianazzi (PSOL), foi intercalada por palavras de ordem ‘puxadas’ pelo sociólogo Francisco de Oliveira, professor aposentado da USP.  “Vamos rodar o Rodas”, prometiam os estudantes, em protesto contra o fechamento de 330 vagas das 1.020 vagas do campus Leste da USP, à transferência de departamentos para fora da Universidade, à compra de uma série de imóveis em nome da USP e à demissão de funcionários.

“Já pedimos através da Comissão de Finanças a prestação de contas das universidades paulistas. É preciso pagar melhor os funcionários e equipar a universidade. A luta da comunidade USP tem todo o apoio da Bancada do PT”, anunciou o líder da Bancada, deputado Enio Tatto.

Um dos principais alvos da indignação dos estudantes é o aviso de fechamento do curso de Obstetrícia, que seria, segundo o Plano de Reestruturação da Universidade, integrado ao curso de Enfermagem. “O Orçamento do Estado tem crescido ano após ano. Não podemos aceitar o fechamento da Obstetrícia e o corte de vagas nos demais cursos”, disse o deputado Simão Pedro.

Comissão Parlamentar

Na última terça-feira, a Assembleia aprovou, com apoio da Bancada do PT, a constituição de uma Comissão Especial Parlamentar para acompanhar o Plano de Reestruturação e, especialmente, a crise no campus da Zona Leste.

A deputada Telma de Souza denunciou o fechamento dos alojamentos, conhecidos na Cidade Universitária, como ‘barracões’, que abrigam o Núcleo de Consciência Negra da Universidade e outros espaços de debate e confraternização dos estudantes. “Estes espaços foram construídos com dinheiro dos Centros Acadêmicos. É um desrespeito da Reitoria querer demoli-los”, protestou a deputada petista.

Os estudantes vão realizar um protesto no dia 31 de março, a partir das 9 da manhã, em frente à Reitoria da USP, contra o ‘desalojamento dos barracões.

Elitização

O relatório do Grupo de Trabalho da Reitoria, que é responsável pela reestruturação do campus, foi criticado pelos representantes das entidades de professores, alunos e funcionários e também pelos parlamentares que já tiveram acesso ao documento. “O relatório é contraditório. Sugere o corte de vagas porque, supostamente, as salas são pequenas, quando a solução seria a construção de mais salas e não a redução das turmas”, disse o deputado Alencar Braga.

O diretor do DCE da USP, Thiago Aguiar, denunciou também que o relatório da Reitoria sugere reduzir as vagas do campus da zona leste porque “a relação candidato/vaga é baixa. A nota dos que ingressam pode, portanto, ser menor. Reduzindo o número de vagas, a Universidade poderia selecionar alunos de melhor qualidade.”.

Para o deputado João Paulo Rillo, “o problema é estrutural, já que o PSDB trata a educação com um desprezo total, em São Paulo.”. O caráter privatista dos tucanos e, especialmente, da gestão de João Grandino Rodas à frente da USP são alvo de uma representação enviada ao Ministério Público Estadual, questionando a compra de imóveis pela Universidade no Centro Empresarial, localizado na zona sul, na Rua da Consolação e na Avenida Paulista.

Uma vitória dos movimentos populares

Histórico militante do movimento estudantil e ex-aluno da USP, o deputado petista Adriano Diogo, lembrou que o campus da USP na Zona Leste é resultado da luta dos movimentos populares contra a elitização do ensino.

A USP Leste é a única opção de ensino superior público em uma das regiões mais populosas de São Paulo. “Não podemos aceitar atitudes reacionárias e conservadoras do Reitor e do Governador Alckmin. Temos que defender o campus leste e, principalmente,  o curso de Obstetrícia”, defendeu Adriano Diogo.

Antes da audiência no Auditório Franco Montoro, os estudantes, professores e funcionários da Universidade realizaram um protesto em frente à Reitoria e uma passeata pelo campus.

O reitor João Grandino Rodas foi convidado para a audiência, que terminou às 18h00, mas não compareceu.

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *