Audiência reúne centenas de moradores da região de Campinas

07/10/2009 19:32:00

Sitiados pelos pedágios

 

O clima foi de revolta e indignação na audiência pública, proposta pelos deputados Ana Perugini, Antonio Mentor e Zico Prado, para debater a instalação de novos pedágios na Região Metropolitana de Campinas. Centenas de moradores da região e prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias de Cosmópolis, Paulínia, Engenheiro Coelho, Arthur Nogueira e outros municípios reuniram-se, na tarde desta quarta-feira (07/10), no Auditório Teotônio Vilela. A população também lotou o Auditório Franco Montoro para acompanhar os debates pelo telão.

Representantes da área técnica da Artesp, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo, e da Secretaria Estadual de Transportes apresentaram o estudo “Investimento na malha rodoviária e modelo de pedagiamento na Região Metropolitana de Campinas”.

Mas, as informações apresentadas sobre aspectos da localização das praças de pedágio e metodologia dos cálculos de tarifas foram contestadas pela maioria dos parlamentares presentes e pela população.

O pedágio instalado no quilômetro 135,5 da Rodovia SP – 332, que liga Campinas à cidade de Engenheiro Coelho, foi o estopim dos protestos e das críticas à análise da Artesp. Segundo o ex-deputado José Pivatto, morador da região, a praça de pedágio está localizada em um retorno, ao lado de uma refinaria de combustíveis.

“Há risco até de explosões e a tarifa é abusiva. Além disso, os trabalhadores da refinaria terão que pagar pedágio porque a cabine de cobrança está localizada em um retorno”, denunciou Pivatto.

No dia 14 de agosto, a deputada Ana Perugini e outros parlamentares participaram de uma manifestação contra os pedágios, que interrompeu o tráfego por mais de duas horas, nas duas pistas da SP-332, na altura da Refinaria do Planalto (Replan). A deputada propôs que o governo reveja a concessão deste e de outros trechos de rodovia. “José Serra já é conhecido como o governador dos presídios e pedágios. Não queremos pedágios na SP 332 e queremos rever os valores das tarifas em todo o Estado”, reivindicou Ana Perugini.

Lucro de R$ 1 milhão

Representante da Associação Comercial de Paulínia, Wilson Machado apresentou cálculos dos comerciantes da região sobre esta nova praça de pedágio. “São 39 mil veículos que transitam diariamente entre Paulínia, Cosmópolis e região. A arrecadação é de R$ 1 milhão por dia. Acho que a SP 332 é a única rodovia do País onde o motorista paga pedágio para retornar”, explicou Machado.

O deputado Antonio Mentor defendeu uma proposta que foi objeto de um projeto de lei apresentado pelo líder da Bancada do PT, Rui Falcão, na década de 90. “Rui Falcão apresentou um projeto, cuja proposta era a cobrança de pedágio pela quilometragem rodada. Precisamos retomar este PL porque o Estado de São Paulo ganhou mais 61 pedágios. No total, serão 159 praças de cobrança nas rodovias estaduais. Todas as cidades paulistas estão sitiadas”, indignou-se Mentor.

Na avaliação do deputado, pedágio é sinônimo de prejuízo para a população. “O excesso de pedágios vai elevar o Custo São Paulo, o que pode afastar empresas e acabar com inúmeros postos de trabalho. Afinal, já temos o IPVA mais alto do Brasil e as tarifas de pedágios mais caras do mundo”, protestou.

O diretor da Associação de Transporte Rodoviário do Brasil, a ATR Brasil, Valmir Brustolin, comprovou os cálculos do deputado Antonio Mentor. “Os caminhões pagam pedágio por eixo e gastam, em média, R$ 10.700 por mês de pedágio nas rodovias paulistas para chegar ao Porto de Santos. Este valor representa 1/3 do faturamento que temos com o veículo”, calcula Brustolin.

Pedágio até no cemitério!

O deputado Roberto Felício comparou o modelo e os valores de pedágios nas rodovias federais e estaduais. “Se o pedágio nas rodovias paulistas fosse semelhante às rodovias federais, eu pagaria R$ 3,80 para transitar entre São Paulo e Piracicaba. Só que para meu azar, o governador de São Paulo é José Serra e não Lula; então, gasto R$ 17,60 neste trecho”, disse o deputado.

Outras situações inusitadas provocadas pela cobrança abusiva de pedágio foram apresentadas pelos participantes da audiência. O suíço Carmelo Campregher viu sua tradicional comunidade de Helvetia, instalada há 150 anos na região de Indaiatuba, ser dividida por uma praça de pedágio. “Agora pagamos pedágio até para ir ao cemitério porque a região tem três praças de cobrança; uma delas no acesso à comunidade de Helvétia”, protestou.

O vereador Carlos Alberto Rezende Lopes, o Linho de Indaiatuba, contou que gastou R$ 42,00 em seis praças de pedágio para se deslocar da cidade, localizada a 90 quilômetros, até a capital. “A concessão das rodovias foi feita sem planejamento. Não pensaram em todo o Estado, mas somente em trechos. Então ficou caríssimo”, explicou.

Os deputados Simão Pedro e Carlinhos de Almeida também estiveram na audiência realizada pela Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia.

 

 

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