Nos dias 15 e 16 de novembro a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação promoveu a segunda edição da “Virada Esportiva” na cidade de São Paulo. Convém registrar que o evento se desenvolveu sob as luzes das redes de televisão e dos principais jornais do Estado. E não poderia ser diferente, já que a mídia além de blindar as figuras de “tucanos” e “demos”, sempre contempla e enaltece as “realizações”de suas administrações, por mais demagógicas ou pirotécnicas que possam transparecer. É evidente que a administração municipal de “tucanos” e “demos” tem se voltado para a classe média, sob o rótulo de fins sociais, como forma de manter a hegemonia política sobre uma sociedade paulistana de perfil conservador. Foram dois dias de intensa atividade esportiva, com o objetivo de colocar São Paulo como a Capital do Esporte.
Na prática, a Secretaria de Esportes proporcionou apenas um fim de semana diferente para os paulistanos, com opções de lazer, recreação e atividade esportiva. Em que pese o número de mais de um milhão de participantes registrados pela mídia, com certeza, 60% a 70% desses números foram de espectadores ou de pais acompanhando os seus filhos. Mas não se perde a oportunidade de enaltecer o evento, como se fosse algo de extraordinário, a ponto de um Gilberto Kassab lembrar o Fernando Collor, disputando uma prova de jet-ski na represa de Guarapiranga.
Uma boa parte das atividades era apresentada por profissionais, medalhistas olímpicos e técnicos especializados. Em algumas modalidades as pessoas tinham que pagar uma taxa para poder participar. No entanto, o grande feito do evento foi apresentar para a população um “cem” número (700) de modalidades esportivas, na maioria desconhecida do grande público. Aliás, se esse era um dos objetivos, difundirem a variedade de prática esportiva, a TV Cultura deveria assumir esse papel, iniciativa que nunca teve, de apresentar os fundamentos das modalidades esportivas, como forma de conscientizar e motivar as pessoas para a iniciação no Esporte, como instrumento de melhoria da qualidade de vida. Nesse contexto, a Virada Esportiva apresentou atividades como skate, patins, bike, tirolesa e bungee jump, jet-ski, rafting, wakeboard, surf, mergulho, tai chi chuan, ioga, rapel, power jump, arco e flecha, esgrima, caiaque, eletronic ball (futebol e basquete no escuro), golfe, manobras em bicicletas, remo, kart, tênis, dança de salão e outras mais, enfim, um prato cheio para a classe média.
Certamente, os principais eventos transcorreram nos bairros de classe média, como no Parque da Aclimação, Parque da Luz, Parque Triano, Parque do Ibirapuera, Praça Esther Mesquita (Higienópolis), Clube Escola da Mooca, Parque da Bicicletas (Centro Olímpico do Ibirapuera), Conjunto Desportivo Baby Barioni (Água Branca), Estádio do Pacaembu, Complexo do Ibirapuera, Parque Villa Lobos (Alto de Pinheiros), Museu do Ipiranga, Sambódromo do Anhembi e clubes esportivos.
Enfim, a Virada Esportiva continuará sendo um espetáculo de referência para a cidade de São Paulo, agradando e contemplando a classe média. Como o Esporte está na alma das pessoas, presente entre as famílias e cada vez mais recomendado pelos especialistas como meio de melhoria da qualidade de vida e prolongamento da longevidade, “tucanos” e “demos” continuarão explorando as fraquezas e os privilégios da classe média. O espetáculo enche os olhos e enaltece a capacidade do ser humano.
A Virada Esportiva encerrou as suas apresentações e a classe média, feliz com o evento, continuará freqüentando os seus clubes e as modalidades esportivas que só ela tem acesso. Uma coisa é certa: a Virada Esportiva nada mais é do que uma pirotecnia demagógica, longe de se tornar uma “Jornada Esportiva”, como resultado de uma política pública para o Esporte que contemple a participação efetiva de toda a população, com atividades esportivas regulares, proporcionada pelo Poder Executivo.
Walter da Silva – Assessor de Esporte da Liderança do PT