É muito comum assistirmos no Dia Mundial da Água uma série de orientações ao consumidor doméstico, sobretudo as donas de casa, no sentido de mudarem os hábitos de utilização da água para ajudar na sua preservação. Na verdade é importante mesmo que a sociedade se conscientize da importância do uso adequado da água, porém é igualmente importante que todos saibam da responsabilidade que têm os operadores do saneamento no Brasil com relação ao desperdício desse bem tão importante à vida e ao desenvolvimento social e econômico.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS, do Ministério das Cidades publicado em 2010 tendo como base o ano de 2008 mostra que o País perde quase 40% da água que produz. Cabe ressaltar que os números que o SNIS apresenta têm como referência informações dos próprios operadores e que o controle social sobre as empresas de saneamento ainda são muito precários, ou seja, não existem instrumentos que auditem ou comprovem essas informações.
Apenas quatro empresas estaduais de saneamento apresentaram índices menores que 25% de perdas: SANEPAR/PR, 21,2% SANEATINS/TO, 22,8%; CAGECE/CE, 23,0%; e CASAN/SC, 24,7%. De outro lado, 10 prestadores de abrangência regional apresentaram índices superiores a 50%: AGESPISA/PI (52,7%), CAERN/RN (53,1%), CAER/RR (53,2%), CASAL/AL (54,6%), COMPESA/PE (57,3%), DEAS/AC (58,7%), CAERD/RO (67,5%), CAEMA/MA (70,3%), CAESA/AP (75,0%) e COSAMA/AM (80,7%). A SABESP/SP perde cerca de um terço da água que produz.
Com relação aos prestadores locais, ou seja, aqueles que não têm as companhias estaduais como operadores, verificou-se que os índices de perda são de: 37,0% nos serviços prestados por entes de direito público; 32,6% serviços organizados como entes de direito privado; e de 43,8% nas empresas privadas.
Os dados mostram que as perdas são elevadas também entre os operadores privados o que indica que os problemas de gestão não são exclusividade dos operadores públicos.
Esses números demonstram que muito há por fazer para melhorar a gestão das empresas, públicas e privadas.
Não se deve continuar liberando recursos públicos para ampliação de sistemas de abastecimento de água sem a apresentação de projetos e programas para a redução de perdas. Aliás, esse tipo de exigência já vem sendo feita para liberação de recursos do FGTS para as empresa de saneamento.
Outro problema grave a ser enfrentado diz respeito à falta de tratamento de esgotos. A poluição dos cursos d’água tem importância significativa na escassez da água que se observa na maioria dos Estados brasileiros.
É fundamental, portanto, que se valorizem cada vez mais os instrumentos de gestão e controle dos recursos hídricos em São Paulo onde se observa um dos maiores estresse hídricos e igualmente no restante do País. A participação da sociedade é condição essencial para que o Brasil consiga aproveitar de forma cada mais racional seu potencial de água doce que é o maior do planeta.
Assessoria de Saneamento da Liderança do PT
