ENEM além do ranking dos jornais

27/09/2011

Criado em 1998, o sistema de avaliação do Ensino Médio, o ENEM, tem vários objetivos: o ingresso em muitas Universidades Federais, também o ingresso em faculdades privadas para as bolsas do PROUNI, avaliando o desempenho dos estudantes formandos do ensino médio. E busca identificar os problemas, as dificuldades e os avanços da qualidade do ensino no país.

O sistema vem sendo aprimorado desde o governo Lula e hoje é possível fazer comparações de ano a ano em razão do uso de um instrumento como a Teoria de Resposta- ao item que ajusta dificuldades diferenciadas, que dá peso diferente em razãodo tipo de dificuldade o que permite a comparação entre este ano (2010) e o anterior (2009).

No ENEM de 2010 em São Paulo participaram 4.608 escolas, sendo 3.241 públicas e 1.367 particulares. A pontuação média geral de São Paulo foi de 561 pontos e do Brasil 537. A considerar a quantidade de páginas e cadernos especiais dos jornais, dedicados à divulgação e avaliação desse exame, poderia se supor que essas matérias trariam análise da situação do ensino no país. Mas, assim como em anos anteriores, o principal foco dessas publicações é, ainda, o ranking das escolas particulares.

Entendem, talvez, os jornalistas que os pais procuram primeiro saber é qual escola, sempre particular, é a melhor para seus filhos. Isso apesar do Ministro da Educação alertar para o problema e afirmar que a pontuação no ENEM não deve ser o único critério de avaliação: “Embora seja um dado importante, a escola tem dimensões que não são avaliadas pela prova.“ (O Estado de S.Paulo – Caderno Especial -12.09.2011). O que levou a Ombudsman da Folha de S.Paulo a escrever matéria crítica (FSP Geral – 18.09.2011) afirmando que “falta salto de qualidade na cobertura do ensino no país” se referindo a essa primazia da apresentação do ranking.

De fato, não há relevância nas matérias da melhora do desempenho no ENEM sendo que, em 2009, a pontuação média no Brasil foi de 501,58. Em 2010, o resultado subiu para 511,2, na prova objetiva. E a nota de redação foi de 585.05 pontos para 595,25. O número de participantes também teve uma ampliação significativa: – de 824.027 em 2009, para 1.011.952 em 2010.

Lembramos que a adesão é voluntária, esses números revelam uma expectativa da juventude sobre o ENEM, além do esforço do governo federal em aperfeiçoar esse instrumento, contribuindo para que parcelas cada vez maiores de nossos jovens possamter acesso ao ensino superior, além de contribuir com dados para a elaboração de políticas públicas que possam dar outra qualidade da educação.

Em São Paulo, a situação não se diferenciou muito do desempenho do ano anterior. As escolas técnicas continuam pontuando com melhor desempenho do que as escolas estaduais, que permanecem com desempenho sofrível, o que tem explicação lógica. Afinal, todas as análises sobre o ensino no Estado têm levado a críticas severas responsabilizando os governos do PSDB, há quase 17 anos, encastelados no Palácio dos Bandeirantes e professando uma política educacional que tem levado à derrocada da educação no Estado.

As evidências estão nas próprias páginas do projeto do Plano Plurianual de 2012/2015, na avaliação que o governo faz sobre as várias regiões do Estado. Em todas as regiões atesta-se alto índice de evasão do ensino médio, descompasso idade/série e falta de laboratórios e bibliotecas. Não há educação que se sustente com tamanho descaso.

Assessoria de Educação da Liderança da Bancada do PT

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