ENEM – 2007

08/04/2008 16:34:00

Muitas páginas escritas e um espírito bastante competitivo entre os estabelecimentos de ensino é o tom das matérias dos grandes jornais sobre os resultados do ENEM – 2007, compondo o quadro já sobejamente delineado em muitas reportagens sobre o ensino no país e ressaltando principalmente o “ranking” das escolas.

Antes de mais nada, é interessante retomar alguns dados. O ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, criado em 1998 não é obrigatório. É uma prova de avaliação de desempenho dos alunos do Ensino Médio, organizada e realizada pelo governo federal, de adesão espontânea, hoje utilizada como referência para o Programa do Prouni, sendo um dos muitos possíveis parâmetros para avaliar a qualidade do ensino no país. As questões apresentadas se reportam ao ensinado na educação básica buscando avaliar sua compreensão, domínio e assimilação. O resultado é expresso numa escala de zero a cem. É composta de uma redação e perguntas em forma de teste.

Foram 847.746 alunos da rede pública e 163.600 da rede privada que se submeteram à prova em 2007.

São Paulo continua apresentando resultados incompatíveis com sua importância econômica e sua posição de maior Estado da Federação. Em redação ocupa o último lugar da Região Sudeste e o 10º no cômputo geral dos Estados empatando com Goiás. A média em redação no Estado ficou em 55,98. À sua frente estão Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina R.G.do Sul, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul. Na prova objetiva, a média computou 50,97 ocupando o 7º lugar considerando somente escolas públicas.

É evidente que o sistema classificatório na forma de “ranking” tem problemas sérios ao pretender escalonar desigualdades. A maneira como os jornais trabalham as informações, acaba aparentando uma corrida para atrair clientes abonados, disputando as melhores escolas, privadas, naturalmente.

As características e as condições das escolas da rede particular contrastam vivamente com as da rede pública, assim como as condições de vida dos jovens de ambas as redes. Enquanto as primeiras (literalmente!) podem ter provas semanais numa avaliação freqüente, período integral e chegam a custar R$ 2.200,00 mensais, nas segundas, freqüentam alunos que trabalham de dia, estudam à noite, tem família para sustentar e raramente pretendem tentar uma faculdade, conforme depoimento publicado no Jornal da Tarde (4.04.08 pg.6A) de um jovem estudante da Escola Estadual Pedro Moreira em São Miguel Paulista, Zona Leste da Capital.

As diferenças entre as redes são gritantes. E espelham as diferenças e desigualdades sociais existentes na sociedade. Uma política educacional que tem compromisso em fazer da educação mais uma alavanca para superar essas desigualdades, necessita hoje de investimento de porte como o FUNDEB e programas que invertam a lógica do acesso a todos os níveis de ensino como o PROUNI, pois a educação de qualidade é um direito que deve ser assegurado a todos.

Nos últimos doze anos, a política tucana de redução de gastos, inclusive para a educação, assim como a própria política educacional, deliberadamente empobrecida nas escolas públicas, tem levado o Estado de São Paulo ao desastre total do ensino o que, fatalmente, compromete o futuro de nossos jovens e do próprio país.

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