Matéria publicada no jornal “O Estado de São Paulo”, do dia 29/04/2008, dá conta de que o Metrô ignorou conselhos técnicos, alegando, baseado em relatórios obtidos pelo jornal, que a futura Estação Pinheiros deveria estar dez metros abaixo da cota da qual se encontra. As causas do desabamento ocorrida na linha 4 do Metrô, por enquanto, são puramente especulativas que mais confundem do que esclarecem, mas vamos aos fatos:
No dia 12 de janeiro de 2007 houve o desabamento da futura Estação Pinheiros do Metrô na linha 4. Essa tragédia tucana causou sete vítimas fatais. Após quinze meses e uma investigação lenta, gradual e segura, o governo do Estado ainda não se manifestou sobre o assunto. Ao contrário do acidente com o Airbus da TAM, em que, com a aeronave ainda fumegando o governador José Serra foi até Congonhas e passou a falar pelos cotovelos. Talvez ele seja especialista em aeronáutica e não entenda nada de Metrô.
O que se tem até o momento são especulações desencontradas sobre as verdadeiras causas do desabamento tentando livrar as quatro maiores empresas de construção civil do país de qualquer responsabilidade. Também não se atenta para o fato de que é muita coincidência esse acidente ter acontecido num contrato de porteira fechada (prática abandonara na década de 1970)feita pelo governo Alckmin que terceirizou a construção da linha e tirou da Companhia do Metropolitano de São Paulo a iniciativa de gerenciar a construção da obra. O papel do Metrô consiste em observar a obra depois de pronta e não de participar de todo o processo construtivo.
São duas obras de Metrô tocadas concomitantemente; a da linha 2 – Verde e a da linha 4 – Amarela. Na da linha-Verde tocada sob os métodos tracionais do Metrô, a obra seguiu com poucos problemas, já na linha 4, houve vários acidentes causando inclusive uma vítima fatal entre os operários da obra. A obra da linha 4, cuja primeira fase estava prevista para funcionar em 2008, ainda não tem data prevista. E pior, vai funcionar capenga, pois a Estação Pinheiros, importante ligação com a zona sul, ficará para a segunda fase, sabe-se lá quando.
Quanto a investigação das causas do acidente naquele 12 de janeiro, estão apostando no esquecimento. Enquanto isso começam as especulações.
A primeira delas é da existência de uma misteriosa pedra, cuja dimensão ninguém sabe, mesmo que a área fosse totalmente conhecida, segundo o geólogo aposentado do Metrô, Kenzo Hori, e o Consórcio Via Amarela ter feito outras sondagens na região.
A não percepção dessa pedra é um mistério para a geologia, uma pedra de quinze toneladas, que se fosse um cubo, teria altura de 14 metros, com 20 metros de lado, segundo cálculos da Assessoria do PT. E pior, assim que aconteceu o acidente ninguém viu a pedra e colocaram a culpa na chuva. Pelo visto, a partir dessa explicação, a engenharia brasileira só estaria apta a construir obras no deserto ou no semi-árido brasileiro, onde as chuvas são poucas. E até o momento a tal pedra não apareceu, como se fosse um pedregulho. O volume dessa rocha teria mais do que 5.550 metros cúbicos, equivalente, mais ou menos, à capacidade de carga de 370 caminhões basculantes de 15 metros cúbicos cada um.
A última explicação é de que a cota do túnel deveria ser dez metros abaixo do que estava a estação. Kenzo Hori alertou para a qualidade ruim do material onde seria construída a estação. Ele elencou uma série de medidas que deveriam ser tomadas.
Todos sabem que quanto mais profundo, mais consistente é o maciço e quanto mais perto do solo, inclusive com grande quantidade de material orgânico, esse solo é ruim, inclusive o Kenzo Hori diz textualmente que o solo é podre nessa região.
As quatro maiores construtoras brasileiras não estão aptas à construção de um túnel em solo de péssima qualidade? Dessa forma, talvez devesse escavar na Suíça onde o maior túnel do mundo está sendo feito no interior da montanha, na pedra.
Realmente, se o túnel fosse numa cota menor, haveria mais resistência do solo, se haveria ou não o acidente, não se sabe. Mas, e se houvesse prudência e boa prática construtiva, a tendência do acidente seria reduzida mais ainda.
No Relatório sobre as causas do desabamento da Linha 4 Amarela, feito pela Assessoria da Bancada do Partido dos Trabalhadores, são colocadas algumas hipóteses baseadas em documentos oficiais. Uma delas é a aceleração da obra para servir de cabo eleitoral do então presidenciável Geraldo Alckmin. A outra, é a péssima qualidade do material utilizado na obra, conforme dados do próprio Metrô, inclusive a colocação de manta de impermeabilização fora do que foi especificado pela projetista. Outra hipótese é a forma como a obra foi contratada, desrespeitando-se todo o processo licitatório, que proibia a junção dos consórcios, o que mesmo assim ocorreu e que o método construtivo fosse o do tatuzão e usaram o método mineiro na escavação dos túneis, alterando profundamente todo o projeto de construção da linha.
Recentemente, o Ministério Público Estadual, levantou várias questões que precisam ser esclarecidas, como por exemplo, a negligência na construção dos túneis e as mudanças na obra.
O governador do Estado José Serra, cujo partido governa há mais de 13 anos o Estado, precisa vir a público e esclarecer os fatos. Essa linha é muito importante para São Paulo. A incompetência e os erros cometidos têm penalizado toda a população que fica sem um meio eficiente de transporte público, enquanto a cidade bate recordes de congestionamento.
