A Secretaria da Educação divulgou por meio da imprensa as mudanças que pretende implantar na política educacional do Estado. Segundo relatos dos seus representantes, tais mudanças foram pautadas pelo resultado das reuniões que realizaram com a rede, professores, funcionários e diretores de escola. Diante do que foi o governo anterior, que ignorava qualquer possibilidade de dialogo, o comportamento da atual gestão com essa pretensa abertura poderá levar os alguns a imaginar que tudo será diferente daqui por diante. Seria muito prudente ter mais cautela.
A primeira observação diz respeito à ausência de uma avaliação geral da situação do ensino no Estado. Essa ressalva, compartilhada com a rede, aponta que, com os profissionais da área, melhores propostas poderiam ser implementadas. Isso seria definitivamente uma gestão democrática.
Em segundo lugar, continua a prática comum nos governos dos últimos 16 anos, de buscar soluções pontuais para os problemas, que não são poucos, ignorando a urgência da elaboração do Plano Estadual de Educação.O Plano Estadual, além de abarcar o conjunto da realidade do ensino em São Paulo, teria o mérito de superar ações de governo transformando-as em ações de Estado.
Com essas duas considerações gerais, vamos analisar as propostas anunciadas.Alteração dos ciclos de avaliação de dois para quatro anos. Não foi anunciada nenhuma medida ou alteração nas condições do trabalho contínuo com os alunos para superação das dificuldades de aprendizagem. Desde espaço físico até tempo do professor, passando pelo material didático. A simples alteração dos ciclos , como se vê, não dá garantia de melhoria de qualidade no ensino.
Dois professores – que serão professores mesmo (sic) – para os primeiros anos do ensino fundamental. Muito mais produtivo é manter salas de aula dos primeiros anos com 25 alunos. A atenção e acompanhamento do professor titular poderão se dar integralmente sem a necessidade de outro professor. Corte no pagamento do bônus e diminuição da avaliação meritocrática.
Esta medida, afirma a Secretaria, estaria em consonância com a concessão de um reajuste de 36% a ser pago em quatro anos. No entanto, se a proposta não incorporar um percentual que atualize as perdas inflacionárias anuais, no final do processo daqui a quatro anos, estaremos com a defasagem salarial, da mesma maneira. Na verdade o governo teria que pagar 36% mais a recomposição inflacionária do período.
Além disso, não há nenhum reajuste real no bolso do professor, uma vez que tira de um lado bônus e mérito e acrescenta no salário, cuja única vantagem é a incorporação para efeito de aposentadoria.
Como podemos ver, não há, de fato, nenhuma melhoria salarial à vista com esse governo. Na realidade, essa forma simplesmente troca seis por meia dúzia.
Assessoria de Educação
Liderança do PT
