Em projeto de lei aprovado, Ana Perugini busca garantir nome do pai na certidão de nascimento
Em projeto de lei aprovado, Ana Perugini busca garantir nome do pai na certidão de nascimento

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou na terça-feira, 5/3, o projeto de lei da deputada Ana Perugini (PT) que obriga os cartórios de registro civil do Estado a comunicarem à Defensoria Pública os registros de nascimento de bebês sem identificação da paternidade. Discutido durante sessão extraordinária, o PL 1.267/2007 foi aprovado após tramitar por 17 anos no parlamento paulista.

O texto, que agora segue para análise do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), estabelece que os cartórios encaminhem relações, por escrito, à Defensoria Pública, com todos os dados informados no ato do registro de nascimento, inclusive o endereço da mãe, telefone, nome e endereço do suposto pai, caso tenha sido indicado pela genitora no momento do registro.

Vice-presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres da Assembleia Legislativa, Ana Perugini comemorou a aprovação do projeto, ocorrida na semana do Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março. Para ela, a medida busca garantir o direito da criança.

“É um projeto que apresentamos em 2007, a partir de uma realidade que verificamos em Campinas e que tem o objetivo de resguardar o direito das crianças que não têm o nome do pai na Certidão de Nascimento. Além de ser constrangedor ter esses três pontinhos na certidão, a criança tem o direito de conhecer sua história, saber quem são sua mãe, seu pai, seus avós maternos e paternos”, explicou a deputada.

Além de indicar o suposto pai, como prevê a Lei federal 8.560/1992, o projeto aprovado também garante à mãe o direito de propor, em nome da criança, uma ação de investigação de paternidade, visando a inclusão do nome do pai no registro civil de nascimento.

Pai ausente

Dados da Associação de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) apontam que, dos 2,5 milhões meninos e meninas nascidos no Brasil em 2023, 172,2 mil têm pais ausentes. O número é 5% maior do que o registrado em 2022, quando 162,8 mil bebês foram registrados sem o nome do pai, no Brasil, e o maior desde 2016.

Embora esteja entre os estados brasileiros com menores índices de ausência paterna (4,79%), São Paulo registrou 28,8 mil bebês sem a paternidade reconhecida no nascimento entre agosto de 2022 e junho do ano passado, segundo informações da Arpen.

Na região de Campinas, 1.767 recém-nascidos ficaram com o pai ausente no documento em 2023. Na terceira maior cidade do Estado, foram 677 registros com o nome do pai em branco ante os 16,3 mil nascidos no ano, o maior índice no município em oito anos.

Paternidade responsável

A luta pela paternidade responsável faz parte da trajetória da deputada Ana Perugini, que é advogada, está no terceiro mandato na Assembleia Legislativa e foi a primeira mulher eleita deputada federal na Região Metropolitana de Campinas (2015-2019).

Após apresentar o projeto de lei, em 2007, Ana aprovou a Lei 13.921/2010, que instituiu o Dia Estadual da Mobilização para o Registro Civil de Nascimento, comemorado anualmente no dia 25 de outubro.

Na Câmara dos Deputados, a parlamentar apresentou um projeto de lei que permite à mãe requerer a provisão de alimentos para o filho, desde o nascimento, quando o nome do pai constar na Declaração de Nascido Vivo (DNV), bem como no registro de nascimento. A medida visa garantir às mães solo condições de alimentar o filho em casos em que o pai não assume a paternidade da criança.

O PL 2.735/2015, que hoje tramita na Câmara dos Deputados sob o número 973/2019, já passou por duas comissões – Seguridade Social e Família e Defesa dos Direitos da Mulher – e aguarda parecer para votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC).

Foto: Alesp.

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