Movimentos antirracistas e indígenas participaram nesta terça-feira, 13/6, do ato de lançamento da Frente Parlamentar para a Promoção de Igualdade Racial e em Defesa dos Povos indígenas e Tradicionais, que começou com uma homenagem à deputada Leci Brandão (PCdoB).
Afastada das atividades parlamentares para cuidados com sua saúde, Leci Brandão escreveu uma mensagem, lida por sua assessora Rosina Conceição, na qual a deputada agradece as homenagens e ao movimento negro no Estado de São Paulo e sua militância que é inspiração e referência para seu mandato, como quilombo da diversidade.
Coordenando a mesa de lançamento da frente, Simone Nascimento, da Bancada Feminista (Psol), afirmou que momentos de aldear e aquilombar são raros na Assembleia Legislativa e, por isso, em nome de todas e todos os parlamentares negros, agradeceu a todos os 80 movimentos antirracistas e indígenas que participaram da organização da frente.
O deputado Teonilio Barba, um dos membros do PT na Frente, contou que o primeiro projeto que apresentou como deputado, em 2015, foi o PL de enfrentamento à intolerância religiosa, provocado pela série de ataques que atingiam centros de umbanda no Rio de Janeiro, que ameaçou o terreiro da Mãe Menininha do Gantois, em Diadema, no ABC paulista, e que atingiam as redes sociais da deputada Leci Brandão. No ano seguinte, a intolerância religiosa foi tema da redação do Enem, o que, segundo Barba, mostrava que era, de fato, preciso enfrentar “esse problema gravíssimo, que dói na alma, que é o racismo, o preconceito e a discriminação”.
O deputado Reis (PT) falou das dificuldades na Assembleia Legislativa, para aprovar leis, para romper com a cultura de casa grande, e da necessidade de trazer o povo, de aquilombar o parlamento.
Simão Pedro lembrou que em seu primeiro mandato de deputado estadual, em 2012, havia na Assembleia apenas dois parlamentares negros, Tiãozinho e Vicente Cândido, ambos do PT, que criaram uma Frente pela Igualdade Racial, que tinha como pauta as cotas raciais, a aplicação da época recém-aprovada Lei 10.639/2003, que trata da obrigatoriedade da história e cultura afro-brasileira na rede oficial de ensino, que ainda não são totalmente aplicadas no Estado de São Paulo. Para Simão, há muito o que fazer, porém, “o papel de combater o racismo é dos deputados negros, mas é mais de nós brancos, por isso estou aqui”, afirmou.
O Centro de Convivência Cultural Amba Verá, da aldeia indígena guarani do Jaraguá, celebrou o lançamento do Frente Parlamentar para a Promoção de Igualdade Racial e em Defesa dos Povos indígenas e Tradicionais e, ao final do ato, o bloco Ilú Obá de Min trouxe seus cantos e dança, também em homenagem a sua madrinha Leci Brandão.