Ato celebra Dia da África e laços antirracistas
Ato celebra Dia da África e laços antirracistas

Ato solene realizado nesta terça-feira, 7/6, pela Comissão de Relações Internacionais da Assembleia Legislativa de São Paulo, presidida pelo deputado Maurici (PT), celebrou o Dia da África, com a presença de representações consulares africanas e não-africanas, entidades e movimentos negros e de combate ao racismo.

No dia 25 de maio comemora-se o Dia da África, numa referência à fundação da União Africana, em 1963, mas também a afirmação da luta anticolonialista, da autodeterminação dos povos e do panafricanismo. Por isso, para o deputado Maurici, presidente da Comissão de Relações Internacionais, “o ato solene em comemoração ao Dia da África simboliza a disposição para o estreitamento das relações entre os nossos povos, as nações africanas e o Brasil”.

São Paulo recebe a influência dos povos da África, por meio dos imigrantes vindos de vários dos 54 países que compõem o continente africano. “São pessoas que trazem não só seus costumes e sua rica cultura, mas auxiliam no desenvolvimento socioeconômico do nosso Estado”, afirmou Maurici. Por isso, concluiu, “precisamos aprimorar as políticas públicas já existentes, e criar outras para atender não apenas nossos irmãos de África, mas toda uma população de imigrantes e refugiados que procuram a nossa terra”.

A realização do ato solene foi aplaudida pelo líder da bancada da Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV), deputado Paulo Fiorilo, que foi um dos batalhadores para a instalação da Comissão de Relações Internacionais na Assembleia Legislativa e o seu primeiro presidente. Para Fiorilo, é necessário comemorar a liberdade e a relação com a África, pois, “infelizmente, ainda vivemos num país racista e assistimos ao racismo que ocorre em todo o mundo, como no caso recente do jogador brasileiro, Vini Jr.”.

“Tenho muita esperança no governo do presidente Lula, que estabeleceu uma relação prioritária com a África em governos anteriores e precisamos retomar essa relação entre países que dialogam entre si e que precisam ter investimentos”.

A atenção do governo Lula para com o continente africano foi destaque no pronunciamento da embaixadora Irene Vida Gala, uma das maiores especialistas em África no Itamaraty e presidente da Associação de Mulheres Diplomáticas. Lula vem observando que a África hoje é uma das regiões que mais cresce no mundo e seu dinamismo exige que o Brasil atualize sua política para o continente. Ao lembrar que o território emite menor quantidade de gases efeito estufa, mas enfrenta as mais perversas consequências do aquecimento global, o presidente Lula destaca os interesses comuns do Brasil e África em torno da agenda ambiental e climática.

Para a embaixadora, Lula reconhece que o continente africano é hoje a nova fronteira do desenvolvimento mundial, com uma população jovem e crescente, com apetite para a construção de uma nova era pujança.

Por outro lado, para Irene Vida Gala não é possível comemorar o Dia da África e o alto nível das relações com o continente, sem lembrar que o maior desafio para o Brasil é o resgate da África que vive dentro do nosso país. “Nós naturalizamos a pobreza negra e a desigualdade, construídas sobre as estruturas da nossa sociedade racista”.

Praça da Liberdade África-Japão

Participando também do ato solene, o deputado Reis falou da sua grande alegria de ter conseguido incluir o nome do continente africano na praça da Liberdade, na capital de São Paulo. O projeto de lei de 2020, de autoria do então vereador Reis, e coautoria da vereadora Luana Alves, do Psol, foi aprovado e sancionado, depois de uma pequena batalha, contou o deputado.

“Com a praça da forca, pelourinho, igreja Nossa Senhora dos Enforcados, igreja Nossa Senhora das Almas dos Aflitos e cemitério dos Aflitos, a história da Liberdade é a história do povo negro”, lembrou Reis, falando da justiça de o espaço histórico do centro de São Paulo passar a ser denominado praça da Liberdade África-Japão.

A mesma justiça que Benazira Djoco, membro do Conselho da Presidência da República, o Conselhão, e coordenadora do Comitê de Imigrantes e Refugiados em São Paulo, pediu que estive na celebração do Dia da África: “justiça pelas pessoas que lutaram e deram a sua vida para que possamos ser livres, justiça para sua própria humanidade, como mãe da civilização humana, e justiça para todas as injustiças de que ela foi alvo”.

Tiveram também participação no ato Lucinéia Rosa dos Santos, advogada, professora e pesquisa de direitos de igualdade de gênero e raça da PUC-SP; Rafael Pinto, membro da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen); João Chaves, coordenador do Departamento de Imigrações da Defensoria Pública da União; deputada Paula da Bancada Feminista (Psol) e o embaixador Alfredo Camargo, do escritório de representação do Itamaraty em São Paulo.

Representação consular

Registramos aqui a presença de ampla representação consular, de movimentos e entidades: Stela Santiago, cônsul-geral de Angola; Thomas Tcheuffa, presidente da Câmara de Comércio Brasil República de Camarões; Luis Armando Monteagudo cônsul-geral do Peru em São Paulo; Hortense Mbuyi, presidente do Conselho Municipal de Imigrantes de São Paulo; Júlio António Aponto Te, presidente da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços Brasil-Guiné-Bissau; e representante da Câmara de Comércio Brasil-São Tomé e Príncipe; da Associação Caboverdeana do Brasil; representante da Embaixada da Malásia;  além de representações consulares, em São Paulo, do Peru; de Cuba; da Rússia; do México; da Itália; do Japão; da África do Sul; da Costa do Marfim; Cláudio Silva, ouvidor das Polícias de São Paulo; Iara Bento, coordenadora do SOS Racismo da Assembleia Legislativa, Vicente Trevas, presidente do Instituto Sulamericano para a Cooperação e a Gestão Estratégica de Políticas Públicas; Andreia Batista, secretária de Combate ao Racismo do PT-SP; Tata Katuvanjesi, coordenador do Ilabantu; e representante do Centro Cultural Africano; da comunidade nigeriana; do Conselho do Beninenses no Exterior.

Fotos: Alesp.

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