Trabalhadores ferroviários lotaram auditório do Franco Montoro, da Assembleia Legislativa de São Paulo, nesta segunda-feira, 25/4, para dizer que são contrários à privatização da Linha 7-Rubi e ao desmonte da CPTM. Os deputados estaduais petistas Maurici, Luiz Claudio Marcolino, e Simão Pedro organizaram o encontro em defesa do transporte coletivo ferroviário, serviço público essencial para a população do Estado de São Paulo.
A proposta do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de privatizar a Linha 7-Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) foi veementemente rechaçada pelos trabalhadores ferroviários em audiência pública realizada nesta segunda-feira, 24/4, na Assembleia Legislativa de São Paulo. O encontro promovido em conjunto com o Sindicato dos Trabalhadores de Empresas Ferroviárias de São Paulo, também discutiu o contrato de R$ 71 milhões, celebrado pelo governo, sem licitação, para a realização de estudos de formatação da privatização de outras linhas do CPTM.
O deputado Maurici ponderou que, mais do que uma questão ideológica e mais do que defender ou combater uma ideia, discutir a privatização é lidar com vidas humanas. “Nosso entendimento é que, depois da experiência da Via Mobilidade, com tantas intercorrências, tantos acidentes e tantas dificuldades na operação das suas linhas, o governo está preocupado em conceder rapidamente mais esse trecho, principalmente a Linha 7, a maior em extensão e que opera cargas e outras linhas de transporte. Esse movimento é muito apressado e açodado e precisa ser parado.”
Luiz Cláudio Marcolino considera que a Linha 7 oferece um bom atendimento à população, sendo muito bem avaliada pelos usuários. “Por isso, não aceitamos a privatização. Queremos a ampliação dos serviços por meio da empresa pública. Precisamos barrar a privatização e retomar as linhas que já foram privatizadas.”
Simão Pedro mencionou que o presidente Lula suspendeu projetos de privatização que estavam em andamento no governo federal, dizendo: “quem não sabe governar e não tem compromisso com o povo, quando assume, só fala em privatizar.”

O deputado Simão Pedro propôs a realização de audiências públicas nas regiões atendidas pelos trens da empresa estatal, como a Zona Leste, Barra Funda, Ferraz de Vasconcelos, Mogi, Osasco e ABC, para que a população e os usuários desses locais tenham maior oportunidade de participar.
Simão considera estranho o contexto no qual foram concedidas as linhas 8 e 9 para a CCR, que gerou a Via Mobilidade. Um mês depois de receber mais de R$ 1 bilhão do governo Dória, a CCR e a RuasInvest formaram o consórcio ViaMobilidade, que venceu o leilão das linhas 8 e 9 da CPTM, com a oferta de R$ 980 milhões, praticamente o mesmo valor da indenização.
A privatização tem se modelado no desrespeito aos usuários, com a deterioração dos serviços, aos trabalhadores, com a precarização das condições de trabalho, e ao bom uso dos recursos públicos. Entre os pontos controversos mencionados na audiência pública, foram destacados a inclusão da Linha 7-Rubi no programa do Trem Intercidades – que ligará São Paulo a Campinas – e o contrato de R$ 71,2 milhões, feito sem licitação com a agência International Finance Corporation (IFC), vinculada ao Banco Mundial, para elaborar o estudo para a privatização das linhas restantes: 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade.
SE FOR PRECISO, GREVE GERAL
Compuseram a mesa de trabalho Eluiz Alves de Matos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo; Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários; José Manoel Ferreira Gonçalves, da ONG FerroFrente – Frente Nacional pela volta das Ferrovias; e Celso Atienza, diretor do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo.
A expressiva participação dos trabalhadores ferroviários de SP, que lotaram o auditório Franco Montoro da Alesp, deixou claro que a categoria vai lutar com afinco contra a privatização da CPTM, com greve geral, se for preciso.
A presidenta do sindicato dos Metroviários de SP, Camila Lisboa, denunciou que o governo do Estado vem apostando na precarização dos serviços e que também é favorável a união dos trabalhadores para uma paralisação contra a entrega das linhas do metrô e de trens.
Algumas propostas foram encaminhadas, como a verificação da legalidade do contrato sem licitação dos estudos sobre privatização da CPTM, buscar o contato com o governo federal por conta do uso da linha 7, que pode ser privatizada pelo estado, feita pela MRS; produção de uma cartilha para explicar para a população dos impactos danosos da privatização da CPTM; procurar as várias comissões na Alesp que lidam com a questão dos transportes públicos, procurar as câmaras municipais, das cidades que fazem parte do trajeto da CPTM para buscar apoio dos vereadores locais e também aos deputados cujos municípios atendidos pela estatal façam parte da base política e realização de um seminário estadual.
Assista aqui imagens da audiência:
https://www.instagram.com/p/CrbmLU9tSdd/


