O Brasil assumiu a liderança mundial no consumo de agrotóxicos logo após o golpe que retirou a presidente Dilma Rousseff do comando do país.

De lá para cá, mil e duzentos novos agrotóxicos foram liberados, pelos governos Temer e Bolsonaro.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foram registrados 4 mil casos de intoxicação por agrotóxicos no país em 2017, quase o dobro de registros em relação a uma década atrás. Em 2018, 154 pessoas morreram por conta do contato com o veneno.

A última edição do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Pera), feito pela Anvisa em 2021, detectou alimentos vendidos nos supermercados brasileiros contendo resíduos de até 21 agrotóxicos diferentes em um único produto.

São Paulo aparece no ranking como o maior consumidor de agrotóxicos no país, com a produção de 358,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 53,2%. da produção nacional.

O contato com os agroquímicos – inclusive os de menor nível de toxicidade – pode causar desde intoxicação aguda, com fraqueza, vômitos, tontura e convulsões, até intoxicação crônica: alterações cromossomiais, alergias, doença de Parkinson, má formação fetal e câncer, tudo em curto, médio ou longo prazo.

Este é um dos fatores que mostram a urgência de a Assembleia Legislativa de São Paulo discutir e votar a Política Estadual de Redução de Agrotóxicos.

SP usa 110 mil toneladas de agrotóxicos anualmente

Apesar do intenso uso de agrotóxico no cultivo agrícola, que coloca São Paulo no primeiro lugar no ranking nacional, o estado conta com apenas 80 fiscais para dar conta das atividades relacionadas ao comércio e uso desse tipo de produto em todo o seu território, de acordo com Secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.

A política de desenvolvimento do país está assentada na exportação de commodities (cana de açúcar, soja, milho, laranja), que usam uma grande quantidade de agrotóxicos, de pulverização aérea.

A Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado São Paulo informa que o processo de aprovação e liberação de agrotóxicos no Estado, atualmente, segue a regra federal da Lei dos Agrotóxicos.

De acordo com o Atlas Geográfico do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexão com a União Europeia, de autoria da professora Larissa Bombardi, são utilizados por ano, em média, 110 mil toneladas de agrotóxicos em São Paulo. O Atlas também indica que 70% da área do Estado recebe o veneno por pulverização aérea nas lavouras, oferecendo riscos de contaminação da água.

É urgente que a sociedade paulista discuta os impactos do uso indiscriminado de agrotóxicos e cobre uma posição da Assembleia Legislativa na discussão e deliberação da Política Estadual de Redução de Agrotóxicos. No dia 11 de maio, às 10h, o assunto será tema da audiência pública que será realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo, no auditório Teotônio Vilela, promovida pela bancada do Partido dos Trabalhadores, em conjunto com PCdoB, PSol e Rede Sustentabilidade.