DEPUTADOS DISCUTEM URGÊNCIA PARA PROJETO DE CORTE DE DESPESAS NA ALESP
DEPUTADOS DISCUTEM URGÊNCIA PARA PROJETO DE CORTE DE DESPESAS NA ALESP

Em sessão virtual da Alesp, teve início nesta quinta-feira, 23/4, a discussão do requerimento de urgência para a tramitação do Projeto de Resolução 13/2020, apresentado pela Mesa Diretora, que trata da redução do subsídio dos deputados estaduais e de outras medidas administrativas emergenciais de corte de despesas da Assembleia Legislativa, a fim de direcionar esses recursos para o combate à Pandemia do Coronavírus (Covid-19).

O projeto de resolução propõe a redução de 30 % dos subsídios dos deputados e das verbas de gabinete; a redução de 20% dos salários e benefícios dos servidores em cargos comissionados; suspensão do pagamento em dinheiro da licença prêmio; doação de 70% do fundo especial de despesas da Assembleia; a devolução antecipada de 7% do orçamento do Legislativo paulista; e revisão e enxugamento dos contratos de prestadores de serviços e fornecedores. A projeção da economia gerada por essas medidas é de R$ 320 milhões.

 

Contra a redução dos salários dos servidores

A bancada do PT avalia que o projeto é importante neste momento, mas refuta alguns pontos da proposta. Entre eles, a redução dos salários e benefícios dos servidores comissionados, a suspensão do pagamento das licenças prêmios e o corte linear dos subsídios dos parlamentares.

O líder da bancada, Teonilio Barba, criticou a forma como a Mesa Diretora concebeu o projeto de resolução. Para o parlamentar, o assunto deveria ter sido debatido de forma mais ampla com os líderes partidários, para que houvesse maior participação dos deputados na elaboração da proposta.

Barba disse que a bancada apresentou emenda para aperfeiçoar o projeto. Ela propõe a exclusão total dos artigos que tratam da redução dos salários e benefícios dos servidores comissionados e da suspensão do pagamento da licença prêmio. Quanto aos subsídios dos deputados, a proposta do PT é que haja um escalonamento progressivo, com reduções que iriam de 30% a 50%, com base na declaração de renda e de patrimônio de cada deputado.

 

Destinação dos recursos

A deputada Beth Sahão argumentou que os deputados paulistas não têm situações socioeconômicas iguais. “Há deputados que precisam dos subsídios para sobreviver e sustentar suas famílias. Por isso o critério da progressividade. Para que aqueles parlamentares que possuem maior renda e patrimônio contribuam com mais.”

A parlamentar petista também chamou atenção para a falta de definição objetiva da destinação desses recursos. “Temos de saber para onde eles vão. Apresentamos várias propostas para a aplicação desses recursos. A bancada do PT formulou um Plano Emergencial amplo, que atende os mais diferentes setores da sociedade, com foco prioritário nos grupos de maior vulnerabilidade social.”

 

Vício de origem?

O deputado Luiz Fernando Teixeira questionou a constitucionalidade da proposta. Em sua avaliação, um projeto de resolução não pode alterar a lei. Para mexer nos subsídios dos deputados, o instrumento apropriado seria um projeto de lei. O parlamentar destacou que apresentou, há poucos dias, projeto de lei para reduzir em 50% os subsídios dos deputados estaduais. Acrescentou ainda: “não podemos deixar prosperar essa lógica de corte nos salários dos servidores”.

A deputada Marcia Lia acrescentou que qualquer pesquisa jurídica vai constatar que há decisões, inclusive no STF, que reiteram a irredutibilidade dos salários dos servidores públicos. Ela chamou atenção para a possibilidade de a Assembleia gerar um enorme passivo trabalhaista com a medida proposta de redução dos salários dos comissionados.

Um outro ponto colocado em destaque pelo deputado Paulo Fiorilo é referente à revisão dos contratos de prestadores de serviços. Ele manifestou sua preocupação com as alterações a serem feitas, para que estas não prejudiquem os trabalhadores terceirizados. “Não podemos aprofundar a precarização desses trabalhadores, que são os que mais precisam de proteção neste momento.”

O primeiro-secretário da Alesp, deputado Enio Tatto, defendeu a iniciativa da Mesa Diretora. “A Assembleia de São Paulo está sendo protagonista em todo o Brasil. Muitas câmaras municipais já estão seguindo o exemplo. Espero que o Poder Judiciário também faça o mesmo.” Tatto disse que as críticas à forma e ao conteúdo da proposta são justas e pertinentes, mas que a discussão está aberta e as injustiças, que ele reconhece existir, podem ser corrigidas.

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