Considerações sobre o relatório do IPT sobre acidente do Metrô

11/06/2008 18:21:00

CONSIDERAÇÕES SOBRE O RELATÓRIO DO IPT  SOBRE O DESABAMENTO DA FUTURA ESTAÇÃO PINHEIROS DA LINHA 4 – AMARELA

1 – O acidente aconteceu no dia 12 de janeiro de 2007.  A queda do túnel causou 7 vítimas fatais. A primeira informação do governo do PSDB é de que o acidente teria ocorrido em função das chuvas.  Os relatórios meteorológicos atestaram que o índice pluviométrico naquela semana foi muito baixo.

2 – Houve uma série de acidentes na construção dessa linha tocada totalmente pelo Consórcio Via Amarela, formada pelas quatro maiores empresas de construção civil do país. Uma das causas desses acidentes conforme fica atestado pelo IPT e consta do relatório feito pela Bancada do Partido dos Trabalhadores em 13 de março de 2007 é a falta de fiscalização do Metrô nessa obra.  Só que o IPT não aprofunda o porquê o Metrô não fiscaliza.  A forma como o contrato foi feito do CVA contratar a projetista, construir a obra e fazer a fiscalização, colocou o Metrô em segundo plano.  É muito estranho que na construção da extensão da linha 2 – Verde construída concomitante com a linha 4, os acidentes foram mínimos.  É que nessa obra os parâmetros de fiscalização foram normais de acompanhamento do Metrô, enquanto na linha 4 – Amarela a Companhia aplicou o método do “olhômetro”  do que estava sendo feito.

3 – No Relatório da Bancada do Partido dos Trabalhadores consta que os materiais usados pelo Consórcio Via Amarela estavam fora das conformidades técnicas.  Isso foi atestado pelo IPT, que encontraram materiais de dimensão menor do que a prevista pela projetista, concreto sem fibras de aço ou com quantidade inferior ao recomendado.

4 – Outro ponto levantado pelo Relatório da Bancada do Partido dos Trabalhadores é a aceleração das obras.  Segundo o IPT no prazo exíguo de um mês (janeiro de 2007) as escavações avançaram 70%.  Isso para inaugurar as obras em 2008 e elas serem usadas nas eleições desse ano.  Além disso, a construção da linha 4 – Amarela foi amplamente usada na campanha derrotada de Geraldo Alckmin à presidência da República em 2006.    

5 – A geologia do local foi amplamente discutida no Relatório da Bancada do Partido dos Trabalhadores.  Segundo o CVA nas sondagens realizadas pelo consórcio a geologia foi totalmente diferente do que tinha apresentado o Metrô. Esse fato foi contestado pelo geólogo aposentado da Companhia Kenzo Hori, que afirmou que foram feitas várias sondagens no local e que a geologia era totalmente conhecida.  O que ficou patente é que o CVA não seguiu o projeto geológico feito pelo Metrô em conjunto com o IPT.  Essas supostas novas sondagens do CVA serviram de argumento, conforme consta no processo da obra, para mudar o método construtivo de mecanizado (Shield) para a fogo (NATM).  Essa é mais uma irregularidade nessa obra, pois esse trecho estava projetado para ser escavado pelo processo mecânico, mais seguro do que o NATM.  O CVA recentemente falou de uma pedra de 15 mil toneladas que teria sido a causa do acidente, inclusive com laudo assinado por um geólogo norueguês.  O IPT pelo visto desconsidera essa hipótese.  Principalmente ser pego de surpresa por material tão grande, isso é descartado.

6 – As irregularidades como detonações irresponsáveis, falta de tirantes, inversão de escavação do sentido do túnel, descumprimento do projeto original, apenas reforçam a tese do Relatório da Bancada do Partido dos Trabalhadores de que são reflexos de irregularidades constatadas na contratação da obra.  Foram muitas, como mudanças de método construtivo de túnel, proibidas pelo contrato, formação dos consórcios, mergulho no preço da obra, entre outros.

7 –  Dessa forma o relatório apresentado pelo IPT apenas reforça o Relatório da Bancada do Partido dos Trabalhadores da forma irresponsável como foi feita a licitação e contratação das obras da linha 4 – Amarela pelo então governador Geraldo Alckmin.

8 – A Bancada do Partido dos Trabalhadores solicitou na ocasião dos acidentes da linha 4 – Amarela uma Comissão Parlamentar de Inquérito, barrada pela bancada governista na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

9 – O Partido dos Trabalhadores tem se empenhado para que esse contrato retorne ao controle público, não fique a cargo do CVA que tem agido de forma irresponsável, assim como o governo do Estado de São Paulo que se faz de morto, como se não fosse com ele.

10 – O Partido dos Trabalhadores tem como meta que a cidade de São Paulo e região metropolitana tenha uma rede ampla de metrô.  Esse modal de transporte deve o principal no transporte dos passageiros por ser mais eficiente e sustentável ambientalmente.  A cidade de São Paulo tem uma rede pífia de metrô, apenas 61,3 quilômetros implantados.  Os sucessivos governos tucanos construíram muito pouco nesses mais de 13 anos que estão à frente do governo estadual.  O Metrô é de responsabilidade do Estado, que não tem gerido de forma eficaz a ampliação da malha metroviária.  O Metrô tem sido tema de matérias de corrupção da imprensa, recentemente com os sucessivos contratos com a Alstom e de superfaturamento com os detectores de fumaça. Ainda nesse ano foram muitas as panes no sistema, o que demonstra a precariedade da manutenção na Companhia. É preciso colocar o metrô nos trilhos e os tucanos não têm conseguido gerir a empresa da forma como a população paulista precisa. O choque de gestão tucano só existe em campanha política, na prática o que se tem é inépcia na gestão da coisa pública.       

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