De 182 mil participantes do processo seletivo para professores temporários da Secretaria da Educação, realizado no final de 2009, 88 mil foram reprovados.
Seria uma situação espantosa se não houvesse os antecedentes negativos denunciados em todas as avaliações e análises sobre a rede pública do Estado. Há uma sequência lógica. Não existem maus alunos isoladamente, como não existem maus professores isoladamente. Mesmo os recém formados são consequência de uma política rasteira de formação em faculdades que não primam pela qualidade (cuja expansão se deu no governo de FHC com o ministro Paulo Renato) e tratam esses cursos como de segunda ou terceira classe. Assim, todos na rede acabam sob a batuta da política educacional vigente, moldando a péssima qualidade do ensino no Estado.
Segundo o Secretário de Educação, aqueles que não obtivessem média cinco estariam automaticamente eliminados. Foi obrigado a recuar. Diante dos resultados, retirou o caráter eliminatório das provas na eminência de precisar recorrer aos professores não aprovados.
Uma parcela significativa já lecionava na rede, mas os programas existentes não surtiram os efeitos necessários na formação desses professores. Considerada o principal instrumento na formação dos docentes , a Rede do Saber, uma criação tucana, foi inaugurada em 2003 e seus cursos são ministrados com teleconferências e vídeos através de uma rede de computadores minimizando o debate,
a interlocução direta e a troca de experiências entre os participantes.
Além disso, houve uma drástica redução dos recursos aplicados aos programas de formação dos profissionais da educação. Dos R$90 milhões previstos no orçamento, foram gastos em 2009 apenas R$ 44 milhões, deixando de ser utilizados mais de R$46 milhões (-51%) . O maior corte foi para os professores do ensino médio, de responsabilidade exclusiva dos governos estaduais. Mas o corte de recursos refletiu também na Rede do Saber.
Esses são alguns elementos que devem ser incorporados à reflexão sobre o resultado da prova dos professores temporários. Nada seria mais oportuno do que a promoção pela Secretaria da Educação de um amplo debate democrático na rede sobre esses resultados, mas se tal acontecesse teríamos uma outra conjuntura do ensino no Estado.
Assessoria de Educação – Liderança da Bancada do PT
