Professores da rede estadual entram em greve por tempo indeterminado

08/03/2010 18:30:00

Educação

 

Sem reajuste salarial há cinco anos, os professores da rede estadual de São Paulo entraram em greve nesta segunda-feira (08/03). Diversas entidades que representam o Magistério Paulista participaram da Assembleia, que definiu a paralisação.

Nos próximos dias, os professores irão dialogar com pais, alunos e toda a comunidade escolar sobre a realidade da escola pública paulista, que está muito distante das propagandas oficiais.

Violência, problemas de infra-estrutura e a falta de profissionais são fatores que, somados aos baixos salários, degradam as condições de ensino-aprendizagem nas mais de 5 mil escolas da rede estadual.

O setor também reivindica reajuste salarial de 34,3%. É que o projeto de lei complementar, enviado pelo Governo Serra à Assembleia Legislativa, para incorporar as gratificações ao salário dos professores, prevê reajuste de 0,27%, para professores até a 4ª série do ensino fundamental, e 0,59% para os professores da 5ª série do ensino fundamental ao ensino médio, segundo cálculos do Dieese – Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas.

O calendário de paralisação prevê assembleias regionais na quinta-feira (12/03) e uma nova assembleia estadual no dia 12 de março, a partir das 15 horas, no vão livre do MASP.

Segundo a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo), o piso de professor de ensino básico I (1ª a 4ª.séries) na jornada inicial (24 horas semanais) é de R$ 785,50, podendo chegar a R$ 958,53 com as gratificações e, em fim de carreira, a R$ 1.153,21.

Já o professor de educação básica II (5ª série até o 3º ano do ensino médio) tem piso de R$ 909,32 para a mesma jornada, podendo chegar a R$ 1.100,92 com as gratificações e a R$ 1.326,27, no final da carreira.

Veja aqui a carta aberta que os professores e outros funcionários das escolas da rede estadual estão distribuindo a população com esclarecimentos sobre a greve do setor e a real situação da Educação Pública no estado de São Paulo.

Estamos em greve!

Pela dignidade do Magistério e pela qualidade da educação!

Senhores pais, prezados alunos,

Você deixaria um estudante de medicina realizar uma cirurgia em seus pais ou filhos em lugar de um médico habilitado e experiente? Supomos que não. Então, por que o governo estadual permite e incentiva que estudantes e pessoas não habilitadas ministrem aulas no lugar de professores habilitados?

Com uma simples prova, o governo decidiu quem pode ou não pode ministrar aulas, desconsiderando aqueles que estudaram quatro ou cinco anos para serem professores. Com isto, não está respeitando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que determina que somente professores habilitados podem ministrar aulas. Muitos estudantes, tecnólogos e bacharéis estão ocupando essas funções.

Mas não é só isso! Todos nós percebemos que a rede estadual de ensino está um caos. As escolas estão desaparelhadas e os professores, desmotivados. O governo do Estado parece ver os professores como adversários e não como profissionais que merecem ser valorizados e bem remunerados. Acumulamos muitas perdas ao longo dos anos, pois não há uma política salarial, mas apenas bônus e gratificações.

Vocês vêem a forma desmazelada com que o governo trata as escolas estaduais. No ano passado, foram até distribuídos materiais com erros grosseiros, palavrões e temáticas inadequadas para os nossos alunos.

O governo mente na sua propaganda. Onde estão as escolas com dois professores em sala de aula? Onde estão os laboratórios de informática abertos nos fins de semana com monitores?

Através de provas e avaliações, o governo discrimina professores, não garante cursos de formação no local de trabalho, mantém salas superlotadas e não realiza concursos públicos. Hoje, 100 mil professores (ou 48% do total) são temporários. Não é possível trabalhar bem nestas condições, o que prejudica a qualidade do ensino.

Diante de tanto desrespeito, estamos dando um Basta! Queremos carreira justa, salário digno, condições de trabalho e condições de ensino-aprendizagem para nossos alunos. Por isto, precisamos da compreensão e do apoio de todos, pois, com a nossa luta, a qualidade do ensino vai melhorar.

Estamos em greve por tempo indeterminado, até que o governo negocie conosco o atendimento de nossas reivindicações em busca da melhoria da escola pública.

Diretoria da APEOESP

 

 

 

 

 

 

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