Mais verbas
Atuais contratos do governo Serra com agências de publicidade somam R$ 110 milhões e foram renovados pelo teto. Serão mais R$ 110 milhões pagos entre outubro ee 1º de abril de
Leia, a seguir, matéria do Jornal do Tarde (16/11/2009). Reportagem: Fábio Leite
Publicidade no valor máximo
Às vésperas do ano eleitoral, em que é cotado para concorrer à Presidência, o governador José Serra (PSDB) renovou contrato com as três agências responsáveis pela publicidade oficial da gestão no valor máximo permitido. Juntas, Lua Branca, Adag e Contexto receberão até R$ 110 milhões entre outubro e 1º de abril de 2010, mesmo valor já pago no contrato anterior, também de seis meses.
Se for o candidato tucano ao Planalto, Serra deve deixar o cargo em 3 de abril. A assessoria do governador alega que a renovação dos contratos obedece à lei e que parte do reajuste feito no contrato que venceu em outubro foi destinada à campanha de divulgação da lei antifumo (leia ao lado). Mas há novas inserções, como dos programas de expansão do ensino superior da Universidade Virtual do Estado (Univesp) e do Acessa São Paulo, de inclusão digital.
Os contratos com as agências de publicidade foram assinados em abril de 2008, no valor de R$ 88 milhões e renovados duas vezes pelo mesmo valor até outubro deste ano. Mas, em julho, foi feito aditamento – novo reajuste – que elevou os valores dos contratos em 25%, a R$ 110 milhões. E, no mês passado, o novo contrato começou já com a previsão de gastos no valor limite. A lei de licitações permite renovações por um período máximo de cinco anos, com limite de reajustes de 25%.
A maior conta é a da agência Lua Branca, do publicitário Luiz Gonzalez, o preferido dos tucanos paulistas. São R$ 43,2 milhões, ou R$ 7,2 milhões por mês. Gonzalez foi marqueteiro de Serra na campanha à Prefeitura em 2004, trabalhou com o ex-governador Geraldo Alckmin na disputa presidencial de 2002 e ajudou a reeleger o prefeito Gilberto Kassab (DEM) em 2008. Hoje, é o principal estrategista de imagem da provável candidatura de Serra à Presidência em 2010.
As outras contas estão divididas entre Contexto (R$ 37,5 milhões) e Adag (R$ 29,2 milhões). Desde o início da gestão Serra, 2007, as três agências receberam R$ 355,8 milhões em contratos com o governo paulista.
Só este ano, até novembro, foram empenhados (garantidos para gasto) R$ 270 milhões, segundo levantamento feito pela Liderança do PT na Assembleia Legislativa. A conta não inclui gastos com propaganda de empresas estatais.
Metrô
Responsável pelo programa Expansão São Paulo, vitrine do governo Serra, o Metrô também começará 2010 com o orçamento de publicidade definido. A companhia renovou, em outubro, as duas maiores contas com agências de publicidade, no valor de R$ 25 milhões. Ambos têm validade até abril. A maior delas, para promover as obras do Expansão São Paulo, com a Duda Mendonça Associados: R$ 14 milhões.
A segunda conta, de R$ 11 milhões, é da MPM Propaganda, antiga 3P Comunicação, do Grupo ABC, do publicitário Nizan Guanaes, marqueteiro da campanha de Serra à Presidência em 2002.
Ex-Febem: imagem por R$
Os investimentos com propaganda do governo paulista em ano eleitoral também vão receber reforço do orçamento na Fundação Casa. Palco de rebeliões históricas, a antiga Febem deve concluir até dezembro a contratação de agência de publicidade no valor de R$ 5 milhões para, entre outras coisas, tentar apagar o passado problemático da instituição.
Ao todo, 12 empresas participaram da concorrência, entre elas a Adag e a Contexto, donas de duas das três contas da Secretaria de Comunicação. O objetivo é promover os resultados da nova política de atendimento a menores infratores, elaborado pela presidente da instituição Berenice Maria Gianella, a partir de 2005.
A contratação de uma agência de publicidade tem por objetivo informar a população, as famílias dos adolescentes e os próprios funcionários da Casa (via programas de comunicação interna) dos resultados e conceitos desta nova política, informou a Fundação, por meio da assessoria de imprensa. Entre os resultados a serem divulgados está a construção de 44 unidades da fundação no Estado.
A informação, neste caso, é de extrema importância porque a Fundação Casa ainda não tem a imagem fixada na opinião pública e, não raro, ainda é associada aos problemas da antiga Febem, informa. Tal associação, completa, ainda é um fator dificultador do processo de descentralização, da construção de novas unidades e da assimilação destes novos conceitos pela população.
CDHU aumenta publicidade
Após o enterro da CPI na Assembleia Legislativa que apurava desvios de R$ 135 milhões pela chamada máfia das casinhas, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU)elevou em R$ 1,68 milhão o valor pago à agência White Propaganda, dona de uma das duas contas de publicidade da estatal paulista. O reajuste foi assinado há uma semana e corresponde a 25% do valor do contrato de R$ 6,7 milhões.
Além da White, a CDHU tem outra conta de R$ 8,2 milhões com a agência Matisse Comunicação. Os dois contratos foram assinados em novembro de 2008 com duração de seis meses, e têm sido prorrogados desde então.
A CDHU informou, por meio da assessoria de imprensa, que o aditamento da White tem amparo na Lei de Licitações. Os gastos com publicidade justificam-se, de pronto, pela necessidade de prestar contas à sociedade sobre a aplicação dos recursos investidos nas ações de construção de moradias populares, erradicação e urbanização de favelas e regularização fundiária.
Cancelamento
O reajuste foi publicado no Diário Oficial da última sexta-feira, junto com a rescisão do contrato de R$ 119,1 mil com a Múltipla Engenharia para a construção de uma unidade modelo da CDHU no Palácio dos Bandeirantes, conforme revelou o JT na semana passada.
Segundo a estatal, o projeto foi cancelado diante dos custos do projeto ainda em outubro.
Publicidade no governo Serra
ENTENDA O CASO
. Abril de 2008: A Secretaria de Comunicação assina os primeiros contratos com Adag, Contexto e Lua Branca, no total de R$
. Outubro de 2008: Novos contratos são feitos, até abril de 2009, no valor de R$ 88 milhões
. Abril de 2009: É assinada uma terceira leva de contratos, até outubro, por R$ 88 milhões
. Julho de 2009: é feito reajuste de 25%, levando valor a R$
. Outubro de 2009: é assinada a quarta leva de contratos, até abril de 2010, já com valor inicial de R$
O QUE DIZ A LEI
. Os contratos podem ser prorrogados por até 5 anos, com reajuste máximo de 25% sobre o valor inicial
. R$
foram pagos às três empresas desde o início do governo José Serra, em 2007
. R$
foram empenhados em propaganda direta do governo de janeiro a novembro
