Desgoverno tucano
As manchetes dos noticiários desta segunda-feira (8/9) sobre o ritmo lento da expansão das linhas do Metrô ser a principal causa da superlotação dos trens, só reafirmam o que a Bancada do PT paulista denuncia há tempos: falta de investimentos financeiros dos sucessivos governos tucanos, má gestão e administração da companhia e descaso na utilização dos recursos, inclusive com denúncias de superfaturamento.
A rede muito pequena dá o título a São Paulo de ter o metrô mais lotado do mundo e, por conseqüência, o mais desconfortável para os milhões de passageiros que utilizam esse meio de transporte diariamente. São 10 milhões de passageiros por km de linha.
Tucanos propagandeiam suas obras no Metrô, mas o fato é que eles estão há 14 anos no governo do Estado e já poderiam ter feito muito mais, afirma o líder da Bancada do PT, Roberto Felício.
Os 11 milhões de habitantes de São Paulo têm à disposição 61,3 km de linhas. Com 5,5 milhões de moradores, Santiago, no Chile, oferece 83,2 km. Detalhe: os dois sistemas começaram a ser construídos praticamente juntos, na década de 1970.
Panes e superfaturamento
Problemas com manutenção resultaram em 12 panes no sistema do Metrô de São Paulo, somente em 2008. Exemplo disso foi o incidente do último dia 6 de agosto que levou pânico aos passageiros da Linha 1.
Como se não bastasse, Metrô está em meio a uma crise com as denúncias superfaturamento, contratos irregulares e recebimento de propina, nos casos Alstom e Siemens.
“A Bancada do PT há tempos denuncia os problemas com a falta de manutenção adequada do sistema do Metrô. A companhia precisa de uma séria investigação, após tantas denúncias que englobam também o desvio de dinheiro público, como nos casos de contratos irregulares com as multinacionais Alstom e Siemens e a comprovada negligência no caso do acidente da linha 4, em janeiro de 2007, que matou sete pessoas, salientou o líder Roberto Felício.
Leia abaixo publicada pelo jornal O Estado de São Paulo (7/8/2008)
São Paulo tem o metrô mais lotado do mundo
Metrô de SP transporta 10 milhões de passageiros por km de linha, ante os 8,6 milhões registrados em Moscou
O metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo, com 2 milhões de pessoas utilizando o meio de transporte por dia. A marca foi alcançada neste ano, conforme dados da CoMET (Comunidade de Metrôs, na sigla em inglês), que reúne as 11 principais redes metroviárias do planeta. Atualmente, a Companhia do Metropolitano de São Paulo transporta 10 milhões de passageiros por km de linha, ante os 8,6 milhões registrados em Moscou, na Rússia. Em terceiro aparece Xangai, na China, com 7 milhões de pessoas para cada km de trilhos. Com a expansão da rede, motivada pelos Jogos Olímpicos deste ano, Hong Kong foi da primeira para a sexta colocação. Nos últimos dois anos, a malha metroviária da cidade mais que duplicou – de 83,7 km para 175 km.
Já a rápida ascensão de São Paulo pode ser explicada por dois fatores. De um lado, houve acréscimo de 750 mil passageiros por dia, observado pelos técnicos estaduais desde a adesão ao bilhete único, em 2006. Só a Linha 3-Vermelha, a mais movimentada, ganhou, em média, 70 mil novos passageiros por dia. Nos horários de pico, os vagões passaram a receber até 8,6 passageiros por m² – o limite “suportável” é de 6 pessoas por m², segundo padrões internacionais. Por segurança, a companhia reduziu em 10% a velocidade média das composições, elevando em até 4 minutos o tempo de viagem.
O outro aspecto que ajuda a entender a superlotação é o tamanho da rede – a menor entre as 11 maiores do mundo. Os 11 milhões de habitantes de São Paulo têm à disposição 61,3 km de linhas. Com 5,5 milhões de moradores, Santiago, no Chile, oferece 83,2 km. Detalhe: os dois sistemas começaram a ser construídos praticamente juntos, na década de 1970.
Embora o metrô tenha aumentado em 35% a oferta de lugares na última década, segundo dados da pesquisa Origem-Destino (OD) divulgada sexta-feira, o ritmo de expansão ainda é lento. De 1974, ano em que foi inaugurado, até 2007, o metrô de São Paulo avançou 1,5 km ao ano. Mesmo se os planos da gestão José Serra (PSDB) se concretizarem, a capital deverá ter apenas 80,5 km de linhas até 2010. Nova York, metrópole que possui o mais extenso metrô do mundo, tem 479 km de linhas.
Com a crescente utilização do transporte coletivo na região metropolitana, registrada pela OD, é muito provável que a superlotação continue. “O metrô paulistano foi asfixiado pela demanda”, avalia o engenheiro Telmo Giolito Porto, professor do Departamento de Transportes da Escola Politécnica da USP. “Mas acredito que a compra de equipamentos modernos, a expansão da rede e os investimentos na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) possam pelo menos aliviar essa pressão.”
Avaliação
Entre os 11 principais metrôs do mundo, o que apresentou maior evolução foi o de Hong Kong, na China, por causa da unificação das redes da estatal Kowloon-Canton Railway e da concessionária MTR Corporation, administradora do metrô local. Historicamente, o posto de metrô mais superlotado do planeta sempre foi ocupado pelo de Tóquio, no Japão. Em 2007, porém, os japoneses se retiraram da CoMET e deixaram de encaminhar seus dados – os últimos apontavam 8,3 milhões de passageiros transportados por km de linha, ainda abaixo do que São Paulo registra hoje.
Criada em 1992, a CoMET é administrada pelo Centro de Estratégia para o Transporte e Ferrovias do Imperial College, de Londres. Tem o objetivo de compartilhar as “melhores práticas” em diferentes áreas, desde o intervalo entre trens até a exploração comercial nas estações. O Estado teve acesso à parte dos dados coletados. Eles mostram que, apesar de superlotado, São Paulo ainda é referência em diversos aspectos, como limpeza e segurança.
