Frente Parlamentar
A deputada do PT Ana Perugini relançou a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Mulher Paulista. Entre seus objetivos estão apresentar propostas referentes a melhores condições nos serviços públicos para mulheres, diminuição da violência doméstica e a inclusão da vacina de prevenção do câncer de colo do útero na rede pública de saúde.
O deputado do PT José Cândido prestigiou o evento e falou sobre a importância da iniciativa para a disseminação de informações. A deputada Leci Brandão pediu uma secretaria de Estado das Mulheres, ideia que também é defendida por Perugini, e falou sobre o empoderamento feminino.
A presidente do Sindivarejista de Campinas e região, Sanae Murayama Saito, citou a baixa participação das mulheres nos cargos de comando e ressaltou que isso se deve às tarefas com a casa e a família que ainda são de responsabilidade da mulher.
Tal questão também foi apontada pela conselheira da OAB, Fabíola Marques, que defendeu a igualdade plena entre os direitos, benefícios e atividades entre homem e mulher. Segundo ela, ainda é grande a discriminação no mercado de trabalho. Há 100 anos, as mulheres recebiam 60% menos do que os homens desempenhando a mesma função. Hoje, recebem 30%menos. Vamos ter que esperar mais 100 anos para conseguir a igualdade?, perguntou a advogada. Ela considera que este seja um problema que atinge todas as classes sociais. Em cargos de gestão, as mulheres chegam a receber 70% menos do que os homens.
Para ela, a própria legislação é discriminatória. Sugeriu que a licença maternidade, por exemplo, fosse substituída por uma licença paternal, de forma que os dois se dividam, conforme for conveniente, para se desligar do trabalho e dedicar-se ao filho. Chegou a hora de dar um basta e dividir as responsabilidades.”
Fabíola citou pesquisa realizada recentemente pela Fundação Perseu Abramo e que revelou que as mulheres, além de toda a jornada de trabalho foram de casa, ainda dedicam 30 horas semanais aos cuidados com a casa e filhos. A mesma pesquisa mostrou que os homens dedicam apenas 5 horas semanais a trabalhos domésticos, que se resumem a pequenos reparos.
Outras questões inerentes ao universo feminino também foram abordadas no evento, como saúde e direitos da mulher. Ângela Bacha destacou a importância da mamografia, pois o câncer de mama é a principal causa de morte de mulheres entre 30 e 80 anos e ocupa a terceira posição entre as jovens de 20 a 30 anos. A delegada Maria Judite Magalhães completou que as mulheres da zona rural dificilmente têm acesso ao exame de mamografia e, muitas vezes, os direitos e benefícios previdenciários são desconhecidos por elas.
Conquistas
Ana Perugini agradeceu o apoio de todos, relembrou de trajetória percorrida pela Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Mulher Paulista e emocionou o público presente ao contar sua própria história. “Agradeço a minha mãe, que fez com que todas as filhas estudassem. Ela ia à noite nos buscar na porta da escola com um pedaço de madeira (para defesa própria) porque não tinha luz na rua. Foi ela quem nos ensinou a sermos mulheres fortes”, disse.
Dentre as conquistas da frente, Perugini citou a distribuição de mais de 250 mil cartilhas com a Lei Maria da Penha, os 130 encontros realizados durante a legislatura anterior onde foram discutidos temas como planejamento familiar, violência contra a mulher e combate à discriminação. A deputada ainda chamou a atenção para a conquista das mulheres de espaço político. “De agosto de 2007 até agora, 47 projetos de lei relacionados às mulheres foram apresentados. Destes, apenas dois foram aprovados. Conhecemos cidades onde não havia uma única mulher no cargo de vereadora. Mas trabalhamos nisso, temos vereadoras e agora sonhamos em ser prefeitas”.
Perugini ainda explanou sobre gráficos que expressavam a desigualdade ainda presente no mercado de trabalho: mulheres ainda ganham menos do que homens para executar o mesmo serviço. Ela afirmou ser necessário gerar uma nova cultura, alcançada principalmente por meio de educação básica de qualidade, para que a mulher conquiste maior espaço e respeito na sociedade.
Com muito bom humor, a deputada sugeriu que as mulheres listassem todas as atividades da casa e distribuíssem as tarefas entre todos, de forma a diluir essa sobrecarga que faz a mulher se desdobrar em diversos papéis. “Quando a mulher consegue sair desse papel, que foi construído e atribuído a ela, que a faz sentir-se valorizada, mas que tem lhe sobrecarregado, é um processo de libertação para todos. Precisamos nos mobilizar porque sem mobilização não há vitória”, encerrou.
Com informações do site PTAlesp
