Descaso tucano
Ao contrário do que o governo do Estado e a prefeitura da cidade de São Paulo alegam como sendo fatalidade as consequências das fortes chuvas nesta época do ano, um fato precisa ser considerado: não há prioridade para as obras de combate às enchentes e, com isso, só aumenta a vulnerabilidade das cidades.
O governo Serra não prioriza ações anti-enchentes em parceria com os municípios e não aplica recursos suficientes para ações de manutenção e novas obras no Rio Tietê, implantação de piscinões, preservação e conservação de várzeas e parques, limpeza e conservação de canais.
O problema que, até anos atrás, parecia concentrado na Região Metropolitana de São Paulo, hoje afeta os grandes centros do Estado, como as cidades de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Campinas.
São José do Rio Preto, por exemplo, vem sendo castigada por grandes inundações e necessita de pelo menos R$ 40 milhões para obras anti-enchentes, mas o governo do Estado não tem previsão de investimentos no município.
Em Campinas, a prefeitura precisou investir sozinha, com recursos próprios, R$ 20 milhões para combater as inundações na Avenida Princesa DOeste, uma das principais vias da cidade.
Governo Federal é quem investe nas obras
Em Ribeirão Preto, a principal obra anti-enchente na cidade foi iniciada no ano passado, a um custo de R$ 15 milhões. Dois terços deste valor estão sendo financiados pelo governo federal, por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), enquanto o governo estadual aplica apenas R$ 2,5 milhões.
Esta falta de prioridade no combate às enchentes é flagrante se compararmos os gastos do governo Serra,
Gastos com publicidade são maiores do que com obras anti-enchentes
Segundo informações coletadas no SIGEO (Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária do Estado de São Paulo), o governo Serra, em 2007, gastou R$ 68 milhões com ações do Programa de Infraestrutura Hídrica e Combate às Enchente, enquanto os gastos com Publicidade e Propaganda foram de R$ 88,3 milhões.
A diferença foi ainda maior em 2008. Os gastos com publicidade foram R$ 71,3 milhões a mais. Ou seja, foram aplicados R$ 107,4 milhões nas obras anti-enchentes e R$ 178,7 milhões com propaganda.
Em 2009, esta prática vem se repetindo. Até meados de março, já haviam sido gastos R$ 18,8 milhões com publicidade e propaganda e R$ 12,8 milhões no combate às inundações.
