INVESTIGAÇÃO
Operador de caixa dois de campanhas do PSDB de São Paulo, Paulo Preto retorna à cadeia acusado de coagir testemunhas no processo de reassentamento nas obras do governo do PSDB no Estado. Detido novamente na manhã desta quarta- feira (30) pela Polícia Federal, poderá ser investigado por uma CPI na Assembleia Legislativa paulista, proposta pelos deputados do PT, que iniciaram a coleta de assinaturas em apoio às investigações no dia 22/5.
O ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) tinha sido beneficiado por habeas corpus concedido pelo juiz Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 11/5. O retorno de Paulo Preto à prisão tem como base a acusação de coação à testemunha no processo que envolve fraudes de R$ 7,7 milhões entre 2009 e 2011, em reassentamento no eixo para obras viárias do Rodoanel, Avenida Jacu Pêssego e Nova marginal, segundo investigações do Ministério Público Federal.
De acordo com o MPF, testemunhas do processo relataram novas ameaças para depor contra Paulo Preto. Sua filha Tatiana Souza Cremoni, também detida, teria pressionado a babá a mudar versão de depoimento. Os investigadores dizem que a babá foi beneficiada pela fraude nos reassentamento e tinha advogado indicado e custeado por Tatiana.
CONTAS NA SUIÇA
Paulo Preto foi também alvo de investigações internacionais. Autoridades da Suíça apontam que entre os anos de 2009 e 2011, o engenheiro da Dersa recebeu em suas contas no país numerosas entradas de fundos.
Quatro contas tinham saldo de US$ 34,4 milhões quando Paulo Preto transferiu os recursos da Suíça para Bahamas, no começo de 2017. O valor equivale a R$ 121 milhões, corrigido pela cotação de maio desse ano.
Paulo Preto chegou à administração pública estadual em 1993 pelas mãos do ex- governador Fleury Filho. Em 1995 começou a se relacionar com o tucano que é considerado seu padrinho político: Aloysio Nunes. Naquele período, Aloysio era vice-governador e ocupava a Secretaria de Transportes Metropolitanos.
Em 2005, no governo de Geraldo Alckmin, Paulo preto foi designado à diretoria de relações institucionais, encarregada de manter contatos com prefeituras e investidores.
NA LAVA JATO
Além das movimentações econômicas atípicas e denúncias de coação a testemunhas, Paulo Preto foi denunciado pelo operador Adir Assad, que afirmou em depoimento de sua delação premiada à Lava Jato, ter recebido por meio de suas empresas de fachada cerca de R$ 46 milhões das concessionárias de rodovias do Grupo CCR e entregue ao ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza. Os repasses teriam ocorrido entre 2009 a 2012.
Segundo consta, a delação integra a documentação da 48.ª fase da operação, que investiga irregularidades em rodovias e envolve empresas que conquistaram concessões no Estado de São Paulo durante as gestões tucanas de Geraldo Alckmin e José Serra.
A CCR também é controladora do Consórcio ViaQuatro, que opera a Linha 4-Amarela, e do Consórcio ViaMobilidade, que venceu recentemente a licitação para operação por concessão das Linhas 5-Lilás e 17-Ouro, todas da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).
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