Governo tenta camuflar, mas violência ainda cresce no Estado

28/08/2012

Tucanagem

A quantidade de latrocínios, que são os roubos seguidos de morte, cresceu 55% no Estado e dobrou na capital, segundo as estatísticas de julho divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Apesar do grande alarde feito pelo governo com relação à queda nos homicídios, se forem somadas as vítimas de homicídio com as de latrocínio, nota-se que o número é quase o mesmo com relação a julho do ano passado. “Não há o que comemorar”, disse a coordenadora de análise de dados do Instituto Sou da Paz, Lígia Rechenberg.

Fazendo a soma sugerida pela especialista, chega-se ao número de 115 mortos na capital em 2011 e 114 neste ano.

Os dados divulgados pela gestão Geraldo Alckmin também mostram aumento em estupro, roubo de banco, veículo, carga e furto de veículo.

“A redução dos casos de crimes contra o patrimônio só é possível com o investimento em inteligência. Não adianta só botar polícia na rua, se ela não é alocada com eficiência e se as investigações não são bem feitas”, afirmou Rechenberg.

Os gastos com a ação Inteligência Policial do Orçamento do Estado, ao menos desde 2006, têm ficado sempre abaixo do previsto. Entre 2006 e 2011, o governo paulista deixou de aplicar na área R$ 300 milhões e em 2012, do valor previsto de R$ 347 milhões, até julho apenas R$ 47 milhões (13,8%) haviam sido liquidados. Os dados são do Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária do Estado (SIGEO).

Violência no interior do Estado já é comparada à do Rio

A cidade de Taubaté já ultrapassou os índices de criminalidade da capital fluminense.

O Rio de Janeiro registrou 10,35 assassinatos por 100 mil habitantes nos seis primeiros meses deste ano. Taubaté teve 11,87 homicídios neste mesmo período. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera “zonas epidêmicas” os municípios que registram taxas superiores a dez assassinatos por 100 mil habitantes.

A capital fluminense, com uma população superior a seis milhões de habitantes, teve 655 assassinatos entre janeiro e junho, segundo dados oficiais do ISP (Instituto de Segurança Pública) do Rio. Em Taubaté, com cerca de 280 mil habitantes, foram 33 vítimas de homicídio, segundo dados oficiais da SSP (Secretaria da Segurança Pública) do estado.

As duas cidades vivem momentos bem diferentes com relação à segurança pública. Enquanto os cariocas têm experimentado uma queda da violência urbana, os taubateanos enfrentam uma onda de crimes jamais vista.

No Rio, para se ter uma ideia, o número de homicídios registrados em julho foi o menor em 21 anos. Taubaté, por outro lado, ocupa a liderança do ranking da criminalidade no Vale do Paraíba, a região mais violenta no interior paulista.

Aliás, Taubaté supera, de longe, as outras cidade do Vale do Paraíba. São José dos Campos, por exemplo, registrou 4,6 homicídios por 100 mil habitantes no primeiro semestre. Na região, foram 9,5 assassinatos por 100 mil moradores no período.

Medidas

Enquanto o Rio investiu na implantação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras), Taubaté pouco fez para mudar o quadro de violência. A medida mais efetiva, até o momento, é a implantação de uma equipe de elite da PM, a chamada Rota Caipira. A equipe, que atuará em todo o Vale, é parte de ofensiva do governo para tentar reverter os índices criminais da região.

A tropa formada por policiais da Força Tática, que será a elite da PM na região, vai atuar em situações especiais e em áreas críticas. Um grupo de 180 homens passou por treinamento junto com os homens da Rota da capital paulista.

O Vale do Paraíba é a região mais violenta de São Paulo. Foram 235 assassinatos no primeiro semestre de 2012. O número representa uma alta de 9% em relação ao mesmo período do ano passado (quando 214 pessoas foram mortas) e manteve a região à frente das demais do interior. Campinas e Piracicaba seguem atrás com 190 e 172 vítimas, respectivamente.

Pela primeira vez, as mortes do período superaram as registradas em 2006, quando houve os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Fonte: Folha de S. Paulo e Diário de S. Paulo

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