Gestão tucana
Às vésperas do julgamento da maior chacina de detentos da história de São Paulo, o sistema penitenciário paulista ultrapassou os 200 mil presos, com 198.476 nas 156 unidades prisionais da Secretaria de Administração Penitenciária e 5.205 em cadeias da Secretaria da Segurança Pública.
Hoje, considerados os 77 presídios paulistas, 28 têm mais que o dobro de presos em relação à capacidade. Na época do massacre, o Carandiru tinha pouco mais que o dobro de presos por vagas ( 7.257 para 3,5 mil).
A situação no sistema penitenciário é hoje pior do que há 20 anos,afirma a professora de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC Camila Nunes Dias. Nos Centros de Detenção Provisória o drama é ainda maior. Como faltam funcionários para administrar essa super população,cabe hoje aos próprios presos, integrantes do Primeiro Comando da Capital, assumir a tarefa. Em quatro presídios, o total de presos chega a ser duas vezes acima do número de vagas.
Em Hortolândia III, no interior, há 500 vagas para 1.650 presos. O complexo penitenciário da cidade é formado por três presídios, três centros de detenção provisória e um centro de progressão penitenciária.
As unidades receberam parte dos presos do Carandiru no período de desativação e implosão do complexo, em 2002, e ganharam o apelido de Carandiru caipira. Em 1992, São Paulo tinha 32 unidades penitenciárias,com taxas de 94,4 presos por 100 mil habitantes. O total chegou a 481presos por 100 mil habitantes nos dias de hoje, espalhados em 156 unidades em todo o Estado.
Em 1992, São Paulo tinha 32 unidades penitenciárias,com taxas de 94,4 presos por 100 mil habitantes. O total chegou a 481presos por 100 mil habitantes nos dias de hoje, espalhados em 156 unidades em todo o Estado.
A situação se transformou e num problema para os funcionários das penitenciárias, que reclamam da falta de segurança e do excesso de tarefas.Vira um problema sério fazer uma revista ou uma blitz. Estão entrando no sistema 3 mil novos detentos por mês, e o ritmo de construção de presídios não acompanha, afirma o presidente do Sindicato dos Agentes do Sistema Penitenciário, Daniel Grandolfo.
Para os promotores Márcio Friggi e Fernando Pereira da Silva, que vão atuar na acusação dos PMs no julgamento do massacre do Carandiru, a morte dos 111presos foi fundamental para a formação do PCC.O PCC começou depois do massacre. No estatuto do PCC, há uma cláusula a respeito disso, disse Silva.
