Reitores ignoram audiência sobre cotas paulistas

30/04/2013

Descaso

Reitores da USP, Unicamp e Unesp não comparecerem nem mandaram representantes à audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo para discutir o sistema de cotas nas universidades públicas paulistas proposto pelo governador Geraldo Alckmin, batizado de Programa de Inclusão por Mérito no Ensino Público Paulista (Pimesp). O sistema é considerado segregacionista e preconceituoso.

O Pimesp prevê a reserva gradativa de vagas para alunos provenientes de escolas públicas e negros nas três universidades estaduais até o cumprimento da meta de 50% em 2016, sendo 35% delas para negros e indígenas. A entrada desses alunos, no entanto, ficaria condicionada ao desempenho acima da média 7 em um curso preparatório semipresencial, nos moldes do College norte-americano. A criação de tal mecanismo é criticada por acadêmicos e militantes, que o classificam como um segundo processo classificatório.

“O sistema impõe aos estudantes de periferia um segundo processo de seleção ao qual os estudantes das escolas particulares não estão submetidos. Isso é segregacionista e preconceituoso”, opinou a diretora de comunicação da União Nacional dos Estudantes (UNE).

O coordenador da Educafro, Douglas Belchior, criticou o Pimesp também, sobretudo sobre a sistema não presencial. “A educação muda a leitura e o entendimento de mundo das pessoas, além de mudanças econômicas. É pra essa educação que temos que nos voltar, e não apenas para ter vida economicamente melhor no mundo do capital, porque isso não tem resolvido nossos problemas.”

De acordo com o Pimesp, a inclusão das cotas será feita gradativamente, em três anos: 35% em 2014, 45% em 2015, e 50% em 2016. Na quinta-feira (25), o conselho universitário da Unesp aprovou o Pimesp, mas a universidade ainda pretende discutir a criação do college. USP e Unicamp ainda não aprovaram a proposta do governo paulista.

Líder petista critica Pimesp

“O Pimesp não passa de um arremedo do que seria uma verdadeira política de cotas, aos moldes do que faz o governo federal. A proposta, elaborada pelos reitores das universidades estaduais paulistas, não facilita em nada o ingresso nas universidades públicas da população pobre e vem carregada de tabelas e metas a serem cumpridas ao longo de três anos”, explica o líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa de SP, Luiz Claudio Marcolino.

Em março, também foi realizada audiência pública na Assembleia Legislativa para debater o tema, que contou com a participação apenas do reitor da UNESP, Júlio Cezar Durigan, Na ocasião, ele optou por falar da presença da instituição em diversas regiões do Estado e foi contido ao falar do PIMESP.

*com informações da Rede Brasil Atual e PTAlesp

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