Caos no Metrô

Um dia após o caos que afetou milhares de usuários do Metrô de São Paulo, a Linha 3-Vermelha voltou a apresentar problemas na manhã desta quarta-feira (22/9). Desta vez, uma composição com destino à estação Palmeiras/Barra Funda apresentou falha no sistema pneumático na estação Sé, às 8h09. Os passageiros do vagão afetado foram desembarcados e transferidos para os demais carros do trem.

De dezembro de 2007 até hoje,  já foram registradas 34 panes (veja quadro abaixo). Há 12 dias, por exemplo, uma falha de duas horas na linha Azul provocou lentidão e tumulto na estação Sé. Elas resultam de uma combinação perversa: redução de investimentos na manutenção com superlotação.

“Na verdade, todas estas panes apenas mostram a fragilidade do metrô paulistano”, afirmou o deputado Antonio Mentor, líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo. Para Mentor, o ocorrido na terça-feira também evidenciou que “o metrô não está preparado para lidar adequadamente com situações de emergência. As pessoas trancadas no escuro [o trem que teve problema na porta parou a 150 metros da plataforma da Sé, no meio do túnel], sem informações, querendo saber o que havia acontecido à frente, e ninguém para explicar. É natural que algumas tenham se desesperado e quebrado vidros, para sair dos vagões”.

“Tivemos a pane da blusa ‘vermelha’”, ironiza o líder do PT em referência a declaração do governador Alberto Goldman e dos técnicos do Metrô de que uma simples blusa teria causado a pane inicial. “Seria cômico se não fosse trágico. Só que nem sempre é véspera de eleição, como agora, e se tenta desesperadamente encontrar uma digital ‘vermelha’ para incriminar”, frisou o deputado

Em outras palavras: Metrô não se responsabiliza

Por meio de nota, a direção da empresa informou que a paralisação não foi causada por falha técnica. Em outras palavras, o Metrô não se responsabiliza pelo caos que atingiu 200 mil pessoas ontem.

“O metrô de São Paulo está em colapso. Está transportando 3,5 milhões de pessoas por dia. Não tem condições de carregar mais gente.” Esta é a explicação do caos, segundo o diretor de Comunicação do Sindicato dos Metroviários do Estado de São Paulo, Bene Barbosa.

Para Barbosa, “uma blusa não acarretaria a abertura da porta. Quando algo obstrui o fechamento, e isso todo mundo que anda de metrô já viu, o operador vai lá, resolve, a porta fecha e a composição segue. Só que nesta segunda-feira a pane ocorreu entre uma estação e outra. Insinuar sabotagem é má-fé. É tentar jogar nas costas dos outros uma responsabilidade que é única e exclusivamente do governo de São Paulo”, ressalta o diretor do sindicato.

“O que aconteceu  foi em efeito  cascata. O primeiro trem parou no horário de pico, justamente quando o intervalo entre um e outro é muito reduzido. Logo, todos os que vinham atrás foram parando”, esclarece Barbosa.  “Como o problema inicial demorou  para ser solucionado, passageiros de outros trens começaram  a sair também dos vagões e andar pelos trilhos, levando os operadores a cortar completamente a energia. Por isso toda a linha Leste/Oeste parou”, disse o diretor do sindicato.

Metrô de SP: verdadeira aventura

O secretário geral do sindicato e presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), Wagner Fajardo, explica que é preciso construir novas alternativas. “O número de composições já foi aumentado e não resolveu o problema de lotação. O sistema atual não comporta mais trens. Enquanto isso, a população continuará sujeita a passar por situações como a que ocorreu”, disse Fajardo.

O metrô de São Paulo tem cerca de 3,4 milhões de passageiros por dia, destes 1,2 milhão são usuários da linha 3-Vermelha.

 “Andar hoje na linha Leste/Oeste do metrô é uma verdadeira aventura”, avalia Bene Barbosa. “O aceitável é transportar até seis pessoas por metro quadrado. A linha Vermelha transporta 11! É um dos metrôs mais carregados do mundo”, desabafa o sindicalista.

* Da redação, com informações