Ensino público

Especialistas em educação consideram alarmantes os dados do mais recente Saresp, avaliação educacional aplicada anualmente pelo governo. A rede estadual de educação de São Paulo não ensina os conteúdos mínimos de Ciências e Língua Portuguesa.

Na 6ª e 8ª séries, mais de 30% dos estudantes estão abaixo do básico. No 3º ano do ensino médio, a situação é ainda pior: 49,8% não aprenderam os mais elementares conceitos científicos, o que significa não compreender, por exemplo, noções mínimas de saúde, como a relação entre a ausência de saneamento e doenças.

O desempenho em Língua Portuguesa também piorou no ensino fundamental entre os anos de 2007 e 2008. A oitava série tem os piores indicadores – 82,5% dos alunos não atingiram o nível esperado em português e 88,4 % não chegaram ao patamar mínimo em matemática -, o que significa que eles seguem para o ensino médio com uma avassaladora defasagem de aprendizado.

Além do baixo desempenho, a educação paulista ainda enfrenta um problema que muitos acreditavam superado: a falta de vagas no ensino fundamental, que é, segundo a Constituição Federal, a única etapa obrigatória do ensino. Tão obrigatória que o não cumprimento da determinação de garantir vagas a todas as crianças em idade escolar pode levar ao afastamento de gestores públicos (governador, prefeito e secretários de Educação).

Levantamento realizado pelos conselhos tutelares da cidade de São Paulo revela que mais de mil crianças ainda estão sem vagas no ensino fundamental, passados dois meses do início do ano letivo.

O déficit de vagas nas escolas estaduais e municipais é comprovado pela relação de famílias que solicitaram vagas entre dezembro e janeiro e que continuam com suas crianças fora da escola.

Segundo reportagem do Jornal Folha de São Paulo, a relação dos conselhos tutelares lista 1.027 nomes e será enviada ao Ministério Público, com pedido de abertura de ação para atendimento às requisições.