Perigo
A pane que paralisou durante duas horas a Linha 3 (Vermelha) do Metrô na manhã desta terça-feira (21/09) provocou desconforto e pânico para aproximadamente 200 mil usuários, atingiu 18 estações e saturou ainda mais o trânsito e o sistema de transporte público da cidade.
Usuários desmentiram a versão oficial para a pane e revelaram que a emergência teria sido acionada depois que um trem lotado ficou parado mais de 15 minutos entre as estações Pedro II e Sé, sem ar. Revoltados com a falta de transporte, passageiros depredaram 17 trens e destruíram lixeiras, vidros, bancos e catracas da estação Brás.
Segundo a versão da Direção do Metrô, o alarme de emergência, e a consequente interrupção de tráfego e corte de energia, teria sido acionado porque uma blusa preta ficou presa na porta de um trem. O governador Alberto Goldman anunciou à tarde a instauração de uma sindicância para apurar o caso.
Os relatos dos passageiros revelam situações de extremo perigo, como o momento em que as portas foram abertas entre as estações Belém e Bresser e usuários chegaram a circular sobre o teto dos vagões para fugir do aperto da passarela.
Em pânico com a interrupção da circulação de ar, muita gente quebrou vidros de portas e janelas, usuários circularam sobre os trilhos e o empurra-empurra provocou muito mal-estar. Apesar dos milhares de passageiros prejudicados pela situação, o Metrô não solicitou à SPTrans o acionamento do Plano de Apoio Entre Empresas Frente a Situações de Emergência, o Paese.
Veja alguns depoimentos que passageiros que estavam no Metrô no momento da paralisação postaram nos sites do Jornal Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e Rede Brasil Atual.
“Estava na estação Sé quando o problema começou. Havia um trem parado no túnel entre a estação Pedro 2º e a estação Sé. Os passageiros gritavam e nada acontecia. Quando peguei o metrô sentido Corinthians-Itaquera, ele parou no meio do caminho. Após algum tempo abriram as portas e pediram para todos descerem e irem caminhando até a estação Pedro 2º. Um total descaso.”
Rafael Caviccioli Avedian (Folha de S.Paulo)
“Eu fiquei 40 minutos dentro do metrô parado entre a estação Tatuapé e Belém. As pessoas começaram a passar mal, eu quase desmaiei. Com o desespero de ficar preso, os usuários quebraram as portas e janelas do metrô para conseguir descer do trem. Descemos e fomos andando para a estação Tatuapé”
Larissa Silva (Folha de S. Paulo)
“O que presenciei hoje foi um descaso com os usuários do metrô. Eu fiquei parada entre as estações Tatuapé e Belém, aproximadamente 20 minutos. O maquinista não nos informava o que estava acontecendo. Pessoas começaram a passar mal, acionaram o botão de emergência, porém não fizeram absolutamente nada. Falta de respeito conosco. Descaso total. É revoltante demais!”
Patrícia Reis (Folha de S.Paulo)
Tomei o Metrô por volta das 6h30, mas só consegui desembarcar na Barra Funda às 10h. Perdi até prova na faculdade
Bruno Ferreira (O Estado de São Paulo)
Até a maquinista começou a perder controle, gritando para os usuários ‘não abram as portas! Não abram as portas!'”
Renato Diangelo (O Estado de São Paulo)
Ele (o condutor) ficava repetindo que o trem estava parado para aguardar ‘a movimentação do trem à frente’ (procedimento padrão do Metrô), mas ninguém aguentava mais ficar lá dentro. Então o pessoal quebrou (a proteção) e apertou (o botão) da emergência, pra falar (com o condutor) e pedir para abrir as portas.”
Luis Fernando de Vasconcelos (Brasil Atual)
“Na Sé está um empurra-empurra. Parece o dia em que teve enchente em São Paulo. O sistema (de transporte coletivo) é muito ruim. Não sei o que esse Expansão São Paulo traz de melhor para a população.”
Priscila Badaró (Brasil Atual)
